O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à postura dos Estados Unidos no cenário internacional e voltou a defender a criação de um Estado Palestino. Em entrevista nesta quinta-feira (6) às rádios baianas Metrópole e Sociedade, Lula questionou o papel dos EUA como "xerife do mundo" e disse ser necessário o respeito entre as nações.
"Os EUA, a vida inteira, passaram a ideia para a humanidade de que eram o símbolo da democracia e o xerife do mundo. De repente, elegem um presidente que faz questão de todo dia dizer uma anomalia. Ou seja, um dia vai ocupar o Canal do Panamá, outro dia vai ocupar a Groelândia, outro dia vai anexar o Canadá e outro dia tratar o povo palestino como se não fosse ninguém", criticou Lula.
O presidente ainda defendeu que a solução para o conflito no Oriente Médio passa pelo reconhecimento e estruturação de um Estado Palestino. "O que se precisa fazer na Palestina é criar o Estado Palestino e dar decência ao povo palestino, que não pode ser tratado como lixo. Estamos precisando de um pouco de humanismo, um pouco de fraternidade, solidariedade e compreensão. Somente com muita paz o mundo pode viver tranquilo", afirmou o presidente.
Lula reforçou sua posição sobre a situação na Faixa de Gaza, classificando os eventos do último ano como um "genocídio". A fala é a mesma desde que assumiu o governo e chegou a gerar críticas. "Há um ano atrás, eu falei que aquilo não era guerra, era um genocídio. A maioria das pessoas que morreram eram mulheres e crianças que não estavam na guerra", disse.
O presidente criticou a ideia de transformação da região em uma área turística e reforçou a importância do respeito à vida humana. A medida é defendida por Trump e pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. "Não é possível que a gente possa dizer que vai ocupar a Faixa de Gaza, jogar os palestinos para qualquer lugar e fazer uma Riviera. O que tem que se fazer na Palestina é cuidar daquele povo que merece ser cuidado como qualquer outro povo no mundo", acrescentou.
Sem citar o bilionário Elon Musk, Lula também apontou o que chamou de "anomalia política" vivida atualmente em diversas partes do mundo, incluindo América do Sul, Europa e Estados Unidos. "É preciso voltar o bom senso, a maturidade, a responsabilidade. Não pode governar fazendo provocação com todo mundo por muito tempo. Ninguém consegue governar assim. É na democracia que a gente consegue eleger e 'deseleger'. A gente consegue colocar e tirar. Eleger um preto e um branco, um trabalhador e um empresário. É a verdadeira alternância de poder. O que não pode é a gente achar que um empresário pode ser dono da comunicação do mundo e ficar falando mal de todo mundo a toda hora, se metendo nas eleições de cada país. Cadê o respeito às decisões do povo de cada país?", questionou, declarou.
Lula reforçou que respeita a eleição de Donald Trump, mas defende uma relação internacional baseada na soberania e no respeito mútuo entre os EUA e o restante dos outros países. "Eu respeito a eleição do presidente Trump, foi eleito pelo povo americano e, portanto, tem todo meu respeito para governar os EUA e manter relações democráticas e civilizadas com o restante do mundo. Ele não foi eleito para mandar no mundo, foi eleito para governar nos EUA. É essa relação que eu quero que a gente tenha", concluiu.
Fonte: Bnews
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