Menos da metade dos deputados federais que representam a Bahia se posicionou a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a jornada semanal de trabalho. Uma lista com assinaturas dos interessados na mudança traz 193 nomes. Destes, até a tarde desta quarta-feira (13), 17 são de baianos - dos 39 eleitos no estado. [Confira a lista abaixo]

Apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), a PEC prevê a redução da carga horária máxima de trabalho de 44 para 36 horas semanais. O objetivo central da proposta é acabar com o formato atual, que permite escalas de 6 dias de trabalho e 1 de descanso - chamada de 6x1.Com isso, o trabalhador teria, no mínimo, três folgas semanais.

Essa fase tem como objetivo tornar a pauta discutível na Casa, conforme determina o regimento da Câmara dos Deputados.

O protocolo é apenas o início da discussão, que precisará passar por comissões especiais na Câmara e no Senado até ser aprovada.

Para se tornar uma matéria em tramitação na Câmara, a proposta precisava de, no mínimo, 171 assinaturas de apoio, do total de 513 deputados.

O número foi atingido nesta quarta - o acumulado tinha 22 a mais até o início desta tarde.

Futuramente, a proposta precisará receber voto favorável de 308 deputados, após toda a tramitação, que pode levar anos.

O assunto que ganhou as redes sociais nos últimos dias teve uma mobilização na internet a partir do movimento "Vida Além do Trabalho", promovido pelo balconista Rick Azevedo, que conseguiu 1,5 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado pedindo a revisão da escala 6x1 à Câmara dos Deputados.

Atualmente, a Constituição estabelece que a jornada de trabalho normal:

  1. não pode ser superior a 8 horas diárias;
  2. não pode superar 44 horas semanais;
  3. poderá ser estendida por até 2 horas.

A proposta de Erika Hilton prevê estabelecer que a jornada de trabalho normal:

  1. não poderá ser superior a 8 horas diárias;
  2. não poderá ultrapassar 36 horas semanais;
  3. será de 4 dias por semana.

Em nota, o Ministério do Trabalho afirmou que tem "acompanhado de perto o debate" e que a redução da jornada é "plenamente possível e saudável", mas a questão deveria ser tratada em convenção e acordos coletivos entre empresas e empregados.

A assinatura da proposta não significa a aprovação do projeto e quem está fora da lista ainda pode votar a favor quando a pauta entrar em discussão.

Veja os deputados da BA que assinaram a lista a favor do debate sobre a redução da jornada de trabalho, até esta quarta-feira (13):

  • Jorge Solla (PT-BA)
  • Lídice da Mata (PSB-BA)
  • Waldenor Pereira (PT-BA)
  • Alice Portugal (PCdoB-BA)
  • Bacelar (PV-BA)
  • Valmir Assunção (PT-BA)
  • Joseildo Ramos (PT-BA)
  • Elisangela Araujo (PT-BA)
  • Daniel Almeida (PCdoB-BA)
  • Pastor Sargento Isidório (Avante-BA)
  • Ivoneide Caetano (PT-BA)
  • Josias Gomes (PT-BA)
  • Leo Prates (PDT-BA)
  • Ricardo Maia (MDB-BA)
  • Raimundo Costa (Podemos-BA)
  • Charles Fernandes (PSD-BA)
  • Paulo Azi (União Brasil-BA)

Caminho da PEC

O caminho para aprovar uma PEC é longo e começa na Câmara dos Deputados. Depois de o texto receber os apoios necessários para a proposta ser apresentada na Casa, a discussão na CCJ é a primeira etapa do caminho até a aprovação.

A Comissão de Constituição e Justiça analisa a admissibilidade da proposta — sem avaliar e fazer mudanças no mérito (conteúdo do texto) da proposição. Nesta etapa, é analisado se a PEC segue os princípios da Constituição. Se aprovada, ela é enviada para uma comissão especial.

Cabe à comissão especial analisar o mérito e propor alterações na proposta. Regimentalmente, o colegiado tem até 40 sessões do plenário para concluir a votação do texto.

Se isso não ocorrer, o presidente da Câmara poderá avocar a PEC diretamente para o plenário — isto é, colocar em votação direta pelo conjunto dos deputados.

Depois da passagem pela comissão especial, a PEC fica apta a ser votada pelo plenário. Lá, a proposta precisa reunir ao menos 308 votos favoráveis, em dois turnos de votação.

Concluída a análise na Câmara, o texto seguirá para o Senado. Por lá, a proposta também precisará ser votada e aprovada por, no mínimo, 49 senadores.

Com a aprovação nas duas Casas, a PEC poderá ser promulgada — ato que torna o texto parte da Constituição — pelo próprio Congresso.

O que diz o governo

Em nota, o Ministério do Trabalho informou que tem acompanhado o debate. Veja na íntegra:

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tem acompanhado de perto o debate sobre o fim da escala de trabalho 6x1. Esse é um tema que exige o envolvimento de todos os setores em uma discussão aprofundada e detalhada, levando em conta as necessidades específicas de cada área, visto que há setores da economia que funcionam ininterruptamente.

O MTE acredita que essa questão deveria ser tratada em convenção e acordos coletivos entre empresas e empregados. No entanto, a pasta considera que a redução da jornada de 44 horas semanais é plenamente possível e saudável, diante de uma decisão coletiva.

Fonte: G1 / Foto: Mario Agra


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