Duas semanas após o assassinato do ex-ator mirim João Rebello, no distrito turístico de Trancoso, na cidade de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, a mãe dele, Maria Rebello, desabafou sobre a falta de respostas sobre o crime.

Até esta sexta-feira (8), apenas um dos três suspeitos está preso. Wallace Santos Oliveira, conhecido como WL, se apresentou à delegacia da localidade no dia 31 de outubro, um dia após a Justiça expedir o mandado de prisão, e segue à disposição da Justiça.

Os outros dois suspeitos, identificados como Felipe Souza Bruno, conhecido como Zingue, e Anderson Nascimento Sena, apelidado de Danda, são considerados foragidos.

Não estou amando a vida, hoje faz duas semanas que meu filho foi executado, 12 tiros! No óbito a morte foi no tórax. Foi engano, diz a polícia de Trancoso, Porto Seguro, lamentou Maria Rebello nas redes sociais.

Na publicação, a mãe do ex-ator mirim contou que o artista era "contra pena de morte, armas, violência e falta de educação". No texto compartilhado por Maria Rebello, ela ainda diz que trabalha para que a justiça seja feita e faz questionamentos sobre o caso.

Já sabemos que foi engano, mas como ser morto numa praça famosa de Trancoso, cidade turística, paraíso? Às 17h30 de uma quinta-feira qualquer, esperando turistas para curtir o paraíso? Quem eles queriam matar? Não sei…, escreveu.

No desabafo, Maria Rabello também disse estar destroçada, vazia, e sem fé. Ela ainda lembrou planos de uma viagem que faria com João Rebello em 2025.

Essa minha dor não está sozinha, há milhares de mães sem respostas pela violência desse país de merda!

Suspeitos foragidos há mais de uma semana

Os dois suspeitos de matar o DJ e ex-ator mirim João Rebello que seguem foragidos possuem mandados de prisão em aberto por homicídio e tráfico de drogas.

João tinha 45 anos, morava em Trancoso e trabalhava como DJ e artista visual. As investigações apontam que ele foi foi morto no dia 24 de outubro por engano — confundido com outro homem parecido com ele e que usava o mesmo tipo de carro.

A Polícia Civil descartou qualquer possibilidade de que o artista estivesse ligado a atividades criminosas.

A produção consultou o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e resultado mostra que Anderson Nascimento Sena, o Danda, era alvo de ao menos dois mandados de prisão antes da Justiça acrescentar ordens de prisão pela morte de João Rebello:

o primeiro por roubo à mão armada, expedido em 18 de abril de 2023 pela 1ª Vara Criminal, Júri e Execuções Penais de Eunápolis, outra cidade do extremo sul baiano;

o segundo corresponde ao crime de homicídio por motivo fútil, expedido em 18 de setembro de 2023 pela 1ª Vara Criminal, Júri e Execuções Penais de Porto Seguro.

O BNMP mostra que o homem foi condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime semiaberto, com sentença já transitada em julgado — ou seja, sem possibilidade de recurso. Procurada pelo g1, a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) confirmou que o réu ainda não havia sido capturado.

Já Felipe Souza Bruno, o Zingue, também já era alvo de mandado de prisão, pelo crime de homicídio por motivo fútil. A ordem de prisão preventiva foi expedida em 22 de junho de 2022 pela Vara de Jurisdição Plena de Belmonte, na mesma região.

De acordo com o TJ-BA, esse mandado chegou a ser cumprido, por isso o processo aparece como "arquivado definitivamente". O Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões, no entanto, aponta que o réu não foi recapturado.

O g1 tentou contato com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) para checar quando o suspeito foi detido e quais as circunstâncias da liberdade — se ele obteve decisão favorável à soltura ou se fugiu, por exemplo —, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Já Wallace Santos Oliveira, conhecido como WL, que está preso, não era foragido da Justiça.

Fonte: G1 / Foto: Reprodução


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