O livro do Eclesiastes diz que “existe um tempo para falar e um tempo para calar”. E o provérbio “a palavra é prata, o silêncio é ouro” ensina que mais importante do que falar no momento certo é saber calar e manter reserva em algumas situações.
A socióloga Rosângela Lula da Silva, a Janja, ama a palavra e pouco aprecia o silêncio. Amiúde, arrisca-se a ser inconveniente. Isso, porém, seria um problema ou uma escolha de vida dela se Janja não fosse casada com o presidente do Brasil.
Naturalmente, tal condição não a obriga a pensar como o marido, nem cassa seu legítimo direito de tentar influenciá-lo. Não há uma só pessoa com acesso direto ou remoto a um presidente da República que não deseje convertê-lo às suas ideias.
Ocorre que uma primeira-dama que muito fala em público pode causar embaraços a quem governa. Janja criou mais um, ontem, ao mandar se foder Elon Musk (‘fuck you’), o atual queridinho de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos.
Musk é um empresário poderoso e um barulhento ativista político de extrema-direita que recentemente desrespeitou ordens da Justiça brasileira e foi punido com a suspensão do X. Ele não perde uma só oportunidade de criticar o governo de Lula.
Em resposta ao ataque de baixo nível que sofreu, Musk postou no X um vídeo com a declaração de Janja, e, entre emojis de sorrisos, escreveu: “Eles vão perder a próxima eleição”. Horas depois, em um palco que dividia com outras pessoas, Lula censurou Janja:
– Eu queria dizer para vocês que essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém. Nós não temos que xingar ninguém. Nós devemos apenas indignar a sociedade.
Antes de ofender Musk em um evento paralelo à reunião do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, que pela primeira vez acontecerá no Brasil a partir de amanhã, Janja referiu-se ao autor das explosões do 13/11 em Brasília como “bestão”.
Não interessa ao Brasil abrir uma frente de tensão com o novo governo norte-americano. Lula foi um dos primeiros chefes de Estado a parabenizar Trump por sua eleição. Diplomatas consideram que a fala de Janja foi um tiro no pé – não no dela, mas no de Lula.
Bolsonaro e seus aliados, a essa altura, estão rindo a bandeiras despregadas depois de uma semana que foi infernal para eles.
Por Blog do Noblat / Metrópoles
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