O carro do dono da empresa de materiais recicláveis onde trabalhavam os jovens Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 24 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25, desaparecidos desde segunda-feira (4), foi incendiado na madrugada desta sexta-feira (8).

Os familiares de Paulo Daniel e Matusalém Muniz acreditam que eles foram sequestrados pelo dono da empresa, Marcelo Batista da Silva. O empresário nega a acusação.

A Polícia Civil não detalhou se essa hipótese é investigada, e diz apenas que procura pelos desaparecidos.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 3h50 e encontrou o veículo de Marcelo, na frente da empresa, em chamas. Ainda não há informações sobre o que pode ter causado o incêndio. O fogo foi debelado ainda na madrugada.

Desaparecimento dos jovens

Paulo Daniel e Matusalém Muniz estão desaparecidos desde que saíram para trabalhar em uma empresa de materiais recicláveis, no bairro de Pirajá, na capital baiana.

De acordo com a mãe de Paulo Daniel, Marineide Pereira, dias antes do desaparecimento, os rapazes teriam sido acusados pelo empresário de roubar um gerador. Em entrevista, ela fez um apelo emocionado.

Estou há quatro dias sem notícias do meu filho, sem saber se está vivo ou morto. Só quero saber o que está acontecendo. Nesse instante desabei, porque escutei um depoimento de um ex-funcionário de lá [da empresa], que falou que era torturado. Só quero meu filho, vivo ou morto, desabafou.

Marineide assegura que Paulo Daniel não tem envolvimento com a criminalidade.

Meu filho não é ladrão, vagabundo, marginal. Eu não sou mãe de tapar o olho, se ele fosse errado, tinha que pagar pela Justiça, mas não é o caso.

Ela prestou depoimento no Departamento de Proteção à Pessoa (DPP) na quinta-feira (7), e solicitou que o dono da empresa disponibilize imagens da câmera de segurança do local.

Ninguém consegue sair com um gerador embaixo da blusa ou dentro das calças, pontuou, acrescentando que os registros podem ajudar nas investigações.

Aflição de familiares

Segundo a família de Paulo Daniel, os parentes não foram autorizados a entrar no terreno da empresa para procurar pelos rapazes. Na tarde desta quinta-feira, bombeiros militares fizeram buscas na região, com a ajuda de cães farejadores. Eles percorreram cerca de 150 metros, entre o restaurante onde as vítimas almoçavam e o estabelecimento.

Dizem que dispararam tiros contra eles e até o momento a gente não tem retorno, não sabe para onde foram levados. Até hoje estamos aqui sentados, esperando o retorno da polícia, disse Fernanda Santos , tia de Paulo.

É um caso inesperado. Um menino suando, trabalhando, na correria e, de repente, a gente recebe uma notícia dessas. Está todo mundo abalado, sem saber o que pensar e esperando uma reposta da polícia, comentou o padrasto de Paulo Daniel, Joselino dos Santos.

O que diz a defesa do suspeito

Procurada pela reportagem, a defesa de Marcelo Batista informou que o processo está em fase de investigação, e que, neste momento, não tem nada a declarar. Segundo o posicionamento, "no momento oportuno", os esclarecimentos e a "verdade real dos fatos" serão apresentados.

Fonte: G1 / Foto: Rildo de Jesus


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