A Covid longa continua como um problema sério para parte da população mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 20% dos pacientes que tiveram a doença convivem com fadiga, dor de cabeça, nevoeiro cerebral e ansiedade meses após a infecção ter acabado.

Um estudo feito nas Universidades de Cambridge e Oxford, ambas na Inglaterra, trouxe novas evidências de que os sintomas persistentes são resultado de lesões cerebrais provocadas pelo coronavírus. A pesquisa foi publicada na revista Brain, em 7 de outubro.

Os pesquisadores analisaram imagens de alta resolução do tronco cerebral de 31 pacientes que foram hospitalizados com Covid durante a pandemia. Todos pegaram a infecção nas primeiras ondas da pandemia, antes da distribuição das vacinas.

Os exames foram realizados três meses após a alta hospitalar e mostraram anormalidades estruturais no tronco cerebral dos pacientes. O tronco cerebral fica entre o cérebro e a medula espinhal e está envolvido em funções como o controle da pressão arterial, a deglutição, a respiração e os batimentos cardíacos.

As inflamações observadas pelos pesquisadores estavam presentes até 18 meses após os pacientes terem tido contato com o vírus.

O fato de vermos anormalidades nas partes do cérebro associadas à respiração sugere fortemente que sintomas duradouros são um efeito da inflamação no tronco cerebral após a infecção por Covid-19. Esses efeitos estão além dos efeitos da idade e do gênero, e são mais pronunciados naqueles que tiveram Covid-19 grave, afirmou a neurocientista Catarina Rua, em comunicado à imprensa.

As alterações foram mais evidentes em pacientes que enfrentaram quadros graves da Covid-19, ficaram longos períodos internados, tiveram respostas inflamatórias mais proeminentes e piores resultados funcionais.

Mostramos que o tronco cerebral é um local de vulnerabilidade aos efeitos de longo prazo da Covid-19, com alterações persistentes evidentes nos meses após a hospitalização, escreveram os cientistas no artigo científico.

Covid longa

A Covid longa é caracterizada por sintomas que permanecem ou aparecem pela primeira vez em até três meses após a infecção pelo coronavírus, que duram por pelo menos dois meses e que não podem ser explicados por outros motivos.

A condição pode afetar até mesmo as pessoas que tiveram formas leves de Covid-19, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Fonte: Metrópoles

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