A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) determinou que a Polícia Civil apure denúncias de assédio sexual feitas por quatro investigadoras contra um delegado da instituição. Foi determinado, também, que a Corregedoria-Geral do órgão acompanhe o caso.

A SSP-BA não detalhou quem é o delegado alvo das denúncias. No entanto, apurações feitas pela produção apontam que trata-se de Antônio Carlos Magalhães Santos.

O delegado foi exonerado do cargo de titular da 28ª Delegacia Territorial (DT) do Nordeste de Amaralina, em Salvador, no dia 24 de setembro. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de sábado (28). Apesar das denúncias, não há detalhes se a decisão foi adotada por causa das investigações.

Em nota, Antônio Carlos disse que as denúncis contra ele são "inverídicas e de cunho político" e parte de uma "ardilosa armação" para manchar sua imagem. O delegado ressaltou que trabalha há 25 anos na polícia enquanto as mulheres que o acusam estariam há apenas quatro meses na instituição.

Por meio de nota, a Polícia Civil confirmou que investiga as denúncias e informou que as servidoras estão recebendo acompanhamento psicológico do Departamento Médico (Demep). Ressaltou, ainda, que tem o compromisso em esclarecer os fatos, para que todas as ações cabíveis sejam executadas.

Toques no corpo e convites para passeios

Antes de comandar a delegacia do Nordeste de Amaralina, Antônio Carlos Magalhães atuou nas unidades de Periperi, Boca do Rio e Itapuã, bairros que também ficam na capital baiana.

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindipoc), as denúncias foram feitas inicialmente por colegas de trabalho das quatro mulheres, que têm entre 30 e 40 anos. Depois, as servidoras procuraram a instituição e relataram as situações.

O assédio ocorria dentro da própria delegacia como o gestor chamando para passear de lancha, dizendo que era muito rico, que tinha muito dinheiro, convidando para jantar, para casa de praia, contou a secretaria geral do Sindipoc, Luciene Rodrigues.

Segundo Luciene Rodrigues, as investigadoras relataram que Antônio Carlos Magalhães tocava nos cabelos, barrigas e pernas das servidoras. Com uma das vítimas, o delegado ainda teria cometido assédio moral.

Ele gritava e chamava de burra na frente de todo mundo. Chamava de profissional burra e outras palavras de baixo calão, afirmou a secretaria geral do sindicato.

Ainda conforme a representante do sindicato, o delegado se oferecia para acompanhar as investigadoras quando quisessem ir ao banheiro e dizia que não adiantava elas fazerem denúncias, porque ele não seria punido.

Ele falava que era muito influente e isso não ia dá em nada, pontuou Luciene Rodrigues.

De acordo com o Sindpoc, as investigadoras estão afastadas por um período de 10 dias e solicitaram transferências para trabalhar em outras unidades. Elas estão lotadas na delegacia Nordeste de Amaralina há apenas quatro meses.

O sindicato anunciou, ainda, que vai lançar uma ação na quarta-feira (2) para conversar com profissionais de delegacias da capital baiana e do interior baiano, a fim de oportunizar que as mulheres denunciem casos de assédio no ambiente de trabalho, caso sejam vítimas.

Confira abaixo a íntegra da nota de resposta do delegado Antônio Carlos:

Eu trabalho na Polícia há 25 anos, e a Instituição sempre foi prioridade em minha vida, inclusive, por diversas vezes, acima da minha família. As acusações partiram de servidoras que estão há apenas 04 meses de carreira policial. Ao longo da minha caminhada sempre preservei pelo profissionalismo e boa conduta.

Toda delegacia por onde passei tive um grande desempenho que foi reconhecido pela Secretaria de Segurança Pública e principalmente pela comunidade local.

Não tenho dúvida que se trata de uma ardilosa armação para manchar a minha imagem perante a Polícia e a sociedade, mas confio na justiça que não serão falsas acusações de pessoas de pouco meses na Instituição que vão depreciar a minha reputação.

O trabalho que eu cobro dos policiais é o trabalho que eu faço, é atender bem a população, fazer operação na rua, garantir a segurança e paz, mas infelizmente nem todos querem fazer isto ou se comprometer 100% com a Polícia, e quando são obrigados a trabalhar no que não desejam agem de total má-fé, como estão fazendo comigo.

As acusações contra mim são inverídicas e de cunho político e serão devidamente rechaçadas no momento oportuno com minhas declarações que irão apontar o real motivo destas, além de que no curso do procedimento será provada a minha inocência.

O inimigo pode estar de pé agora, mas Deus é a minha verdade e o meu escudo!

Fonte: G1 / Foto: Reprodução

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