À primeira vista, Elon Musk e Donald Trump não pareceriam ser aliados naturais.
Um deles fez da redução das emissões de gases de efeito estufa um importante argumento de venda para os negócios. O outro questiona a necessidade de reduzir as emissões em geral, denunciando a maioria das formas de energia limpa como, na melhor das hipóteses, desnecessárias e, na pior, destrutivas.
Um quer abandonar os combustíveis fósseis e converter todas as vendas de automóveis em todo o mundo para veículos elétricos. O outro acredita que os veículos elétricos serão um desastre econômico para a América e que a nação deveria produzir e queimar mais petróleo.
Mas, desde sábado (13), Musk está apoiando publicamente a candidatura de Trump à reeleição presidencial.
Além disso, o jornal de Wall Street, citando fontes familiarizadas com o assunto, informou na segunda-feira (15) que Musk está planejando apoiar a campanha presidencial de Trump, comprometendo US$ 45 milhões de dólares por mês (o equivalente a quase R$ 245 milhões), para um novo supercomitê político que apoia o ex-presidente.
As doações, se acontecerem, são um desenvolvimento significativo não apenas na campanha presidencial, mas também no relacionamento entre as duas personalidades, que contam com o apoio fervoroso de milhões de fãs que acreditam em quase tudo o que dizem.
Musk já deu dinheiro a candidatos de ambos os partidos no passado, incluindo 5 mil dólares para Barack Obama em abril de 2011.
Ele costumava ser principalmente um doador democrata, mas esse valor é insignificante em comparação com a quantia que ele, agora, está supostamente doando ao candidato presidencial republicano.
O dono da Tesla disse por vários anos que o Partido Democrata se moveu muito para a esquerda, o que afeta seu apoio a muitos dos candidatos.
Musk não comentou diretamente a reportagem do Wall Street, mas usou um meme de pessoas vestidas como gnus com o título “Falsos Gnus”, sugerindo que a matéria estava incorreta.
E ele publicou, logo após a tentativa de assassinato contra Trump, no sábado (13): “Eu apoio totalmente o presidente Trump e espero por sua rápida recuperação”.
Mas Musk respondeu “sim” a uma conta, com a qual ele interage frequentemente, que dizia que Musk “deixou de ser um eleitor de Obama e passou a prometer 180 milhões de dólares para eleger Donald Trump. A esquerda realmente estragou tudo. Seriamente”.
O comitê político, chamado de América PAC, visa ajudar a registrar eleitores e a persuadir as pessoas a votarem antecipadamente, segundo uma fonte ao Wall Street.
Além do apoio financeiro à campanha de Trump, Musk, com 190 milhões de seguidores na sua própria plataforma X, é possivelmente um dos “influenciadores” mais seguidos do mundo, além de ter o maior patrimônio líquido do planeta.
Ele tem milhões de fãs – uma recente reunião anual da Tesla teve sensação de uma manifestação política própria, com acionistas dizendo-lhe coisas como “Amamos todos vocês do fundo do coração, amamos muito você, Elon”.
Os acionistas naquela reunião votaram 84% a favor da restauração do salário mais lucrativo já concedido a um CEO, com opções de ações no valor de 48 bilhões de dólares no momento da reunião. Um juiz em Delaware já havia anulado esse salário.
Questionado naquela reunião sobre a sua relação com Trump, e sobre o ex-presidente ter coisas boas a dizer sobre Tesla, mesmo quando ataca os veículos elétricos, Musk respondeu: “Eu posso ser persuasivo”.
“Quer dizer, tive algumas conversas com ele e ele me ligou do nada, sem motivo, não sei por que, mas liga”, continuou Musk.
O dona da Tesla continua: “E ele é muito legal quando liga e eu digo ‘carros elétricos, acho que são muito bons para o futuro. A América é líder em carros elétricos, compre coisas americanas’. E eu acho que ele, na verdade muitos de seus amigos, agora têm Teslas e todos adoram. E ele é um grande fã do Cybertruck. Então acho que esses podem ser fatores contribuintes, sim”.
Relação entre Musk e Trump
As relações nem sempre foram tão amigáveis entre os dois. Musk renunciou a dois conselhos empresariais da Casa Branca em que atuou no início de 2017, depois que Trump anunciou que os Estados Unidos se retirariam do Acordo Climático de Paris.
“As alterações climáticas são reais. Abandonar o Acordo de Paris não é bom para a América nem para o mundo”, publicou ele na época.
Mas, nos últimos anos, Musk tem demonstrado repetidamente apoio a Trump – ou oposição ao presidente Joe Biden.
Logo depois que Musk comprou a plataforma de mídia social até então conhecida como Twitter, no outono de 2022, ele devolveu a conta de Trump. Ele reclamou que o Twitter estava censurando indevidamente histórias anti-Biden, embora os próprios advogados do Twitter tenham posteriormente contestado essa conclusão em um processo judicial.
A Tesla, a maior fonte do patrimônio líquido de Musk, se beneficiou de subsídios aprovados sob a administração Biden, que proporcionou créditos fiscais de até 7.500 dólares para compradores de veículos elétricos.
Mas esses créditos fiscais também ajudam os fabricantes de automóveis estabelecidos que procuram vender os seus próprios veículos elétricos. Musk postou recentemente que os subsídios para veículos elétricos aprovados por Biden, na verdade, ajudaram seus rivais mais do que a Tesla.
“Tire os subsídios. Isso só ajudará Tesla”, ele publicou nesta terça-feira (16). “Além disso, remova os subsídios de todas as indústrias!”.
Embora Musk esteja certo ao dizer que algumas das indústrias que ele critica, especificamente carvão e petróleo, recebem seus próprios subsídios governamentais massivos, o tweet não aborda a grande parte da sua riqueza que veio do apoio governamental à Tesla e à SpaceX, uma de suas outras empresas que depende de contratos governamentais para operar.
Com informações do portal CNN Brasil
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