O Ministério das Relações Exteriores declarou que o ataque planejado por Israel na região de Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, terá “graves consequências”, como novas vítimas civis e um “novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos”.

Segundo nota do Itamaraty, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe com “grande preocupação” o anúncio da operação militar pelas autoridades israelenses. A informação foi divulgada em nota publicada nesta terça-feira (13).

Rafah é considerada por Israel o “último refúgio” do grupo Hamas.

O governo brasileiro recebe, com grande preocupação, o recente anúncio, por parte de autoridades israelenses, de preparação de nova operação militar terrestre em Gaza, desta vez no Sul, na região de Rafah, na fronteira com o Egito, escreveu ministério.

Tal operação, se levada a cabo, terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito, acrescentou.

O Itamaraty também afirmou que o governo brasileiro “reitera sua conclamação em favor da cessação das hostilidades e da libertação dos reféns em poder do Hamas como passos para a superação da crise humanitária em Gaza”.

A declaração da pasta foi feita no dia em que Lula se prepara para viajar à região. O presidente embarca na tarde desta terça (13) para o Egito.

O país africano faz fronteira com a Faixa de Gaza. Alvo da nova operação, Rafah é o local em que passam cidadãos repatriados da região. Também é para onde parte da população do norte de Gaza se deslocou depois dos ataques de Israel.

Operação

Na sexta-feira (9), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou uma operação de ataque em Rafah, considerada pelo exército de Israel como o último reduto do grupo Hamas.

Israel tem atacado a região nos últimos dias. O Hamas condenou na segunda-feira (12) o que chamou de “massacre” de Israel contra civis em Rafah. Militares israelenses confirmaram ter conduzido ataques aéreos na área da cidade.

A Organização das Nações Unidas (ONU) se posicionou contra o plano de Israel, e disse que Rafah recebe mais da metade dos deslocados dentro de Gaza e que seria impossível retirar todos os civis do local.

Mais da metade dos 2,3 milhões de pessoas de Gaza estão abrigados em Rafah, muitos deles presos contra na fronteira com o Egito e vivendo em tendas improvisadas.

Os militares israelenses ainda não apresentaram ao governo seu plano para a evacuação de Rafah, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) à CNN nesta terça-feira (13).

Leia a íntegra da nota divulgada pelo Itamaraty:

“Riscos de nova ofensiva terrestre em Rafah

O governo brasileiro recebe, com grande preocupação, o recente anúncio, por parte de autoridades israelenses, de preparação de nova operação militar terrestre em Gaza, desta vez no Sul, na região de Rafah, na fronteira com o Egito. Tal operação, se levada a cabo, terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito.

O início dos deslocamentos forçados, primeiramente do Norte para o Sul de Gaza, a partir de 8 de outubro, é elemento indissociável da dramática crise humanitária vivida há quatro meses pela população de Gaza, e mereceu a condenação do Brasil e de boa parte dos países, à luz do direito internacional e do direito internacional humanitário. Estima-se que 80% dos habitantes de Gaza tenham sido obrigados a deixar suas casas, e a maioria deles na direção de Rafah, indicada inicialmente como área segura pelas autoridades israelenses.

O governo brasileiro reitera sua conclamação em favor da cessação das hostilidades e da libertação dos reféns em poder do Hamas como passos para a superação da crise humanitária em Gaza. E reafirma seu compromisso com uma solução de dois Estados, com um Estado da Palestina viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental como sua capital.”

Fonte: CNN

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