O ditador venezuelano Nicolás Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, estão reunidos neste momento para discutir a crescente disputa pela região de Essequibo. A reunião ocorre durante o encontro de líderes da Comunidade do Caribe (Caricom), em São Vicente e Granadinas.
Maduro disse à imprensa antes do encontro que comemora que “a Caricom tenha conseguido dar esse passo” e destacou que “vamos aproveitar ao máximo para que nossa América Latina e o Caribe continuem a ser uma zona de paz”.
O anúncio da reunião bilateral foi feito depois que Maduro conversou com Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, que também atua como presidente interino da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e com o secretário-geral da ONU, António Guterres, no sábado (9).
O governo da Venezuela disse que o encontro “é para preservar a nossa aspiração de manter a América Latina e o Caribe como uma zona de paz”.
Já o líder da Guiana afirmou que não pretende abordar a questão de Essequibo com Maduro. “Resolver a fronteira terrestre não é assunto para discussões bilaterais e a questão está devidamente resolvida pelo Tribunal Internacional de Justiça”, disse Ali em uma carta a Gonsalves.
No documento, Ali reafirma seu comprometimento de falar com Maduro e agradece aos países que estão mediando a questão, incluindo o Brasil e integrantes da Celac.
“Permita-me assegurar-lhe, caro colega, que estou preparado para falar com o presidente Maduro sobre qualquer outro aspecto que possa contribuir para melhorar e fortalecer a amizade e relações entre os nossos dois países”, afirma Ali.
Entenda a crise
A Venezuela voltou a reivindicar o território de Essequibo, na fronteira entre os dois países, nos últimos anos após a descoberta de uma reserva com potencial para produção de cerca de 11 bilhões de barris de petróleo e gás offshore.
A questão remonta uma disputa do século XIX. Em 1899, uma sentença arbitral de Paris concedeu ao Reino Unido a soberania sobre toda a área em disputa e deixou à Venezuela parte da terra próximo ao rio Orinoco, no sul. Na época, Guiana era uma colônia britânica.
Quase um século depois, em 1962, a Venezuela denunciou a sentença perante a ONU e deixou claro que considerava a decisão nula e sem efeito.
Em 1966, é assinado o Acordo de Genebra, no qual o Reino Unido reconhece que existe uma disputa por aquele território. Naquele mesmo ano, a Guiana alcançou a sua independência e iniciaram-se negociações diretas entre os dois países sobre a disputa territorial.
Em setembro deste ano, a Assembleia Nacional da Venezuela convocou um referendo sobre a região de Essequibo.
Antes da votação, o Tribunal Internacional de Justiça decidiu que o governo venezuela se abstenha de tomar qualquer tipo de ação que possa alterar a situação do território. No entanto, o Tribunal não impediu a realização do referendo. Resultado: o governo de Maduro disse que mais de 95% da população votou pela anexação do território, que compõe 70% da Guiana.
Dias depois, o líder venezuelano anunciou a criação da zona de defesa integral da Guiana Essequibo e nomeou um general como “única autoridade” da área.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, considerou a medida uma ameaça ao território e pediu por uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
O Equador apresentou, durante a reunião fechada nas Nações Unidas, um texto que pede que Venezuela e Guiana cheguem a uma solução pacífica para a disputa sobre o território de Essequibo e que haja respeito às regras do direito internacional.
Fonte: CNN
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