O resultado positivo do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre de 2023, com uma leve alta de 0,1% em relação aos três meses imediatamente anteriores, foi impulsionado pelo bom desempenho do setor de serviços, da indústria e do consumo das famílias.

É o que afirmam economistas e analistas do mercado logo após a divulgação do resultado da economia brasileira no período entre julho e setembro deste ano. O anúncio foi feito nesta terça-feira (5/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB do país subiu 2%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, a alta foi de 3,1%.

No acumulado do ano, até setembro, a alta é de 3,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre somou R$ 2,741 trilhões.

“Tanto a indústria como os serviços subiram 0,6% em base trimestral e vieram acima do esperado. O resultado foi bem heterogêneo no caso industrial, como tem sido costumeiro nos últimos trimestres. Apenas eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos (3,6%) registraram alta, enquanto o setor de construção caiu 3,6%”, afirma Maykon Douglas, economista da Highpar.

“No caso dos serviços, destaques positivos às atividades financeiras e imobiliárias, ambas subindo 1,3%. A única queda foi registrada no setor de transportes (-0,9%), mas relembramos que o segmento vem de patamares recordes e, naturalmente, perdeu ritmo à medida que a forte alta da agropecuária no início do ano se dissipou. Falando do agro, este caiu 3,3% em razão dessa base de cálculo elevada, mas retraiu menos que o esperado”, analisa.

Segundo o economista, o resultado do terceiro trimestre confirma “a desaceleração da atividade doméstica, por causa dos juros altos e sem o efeito positivo do agro, à luz das recentes sondagens mensais de atividade”.

“Mas o consumo das famílias (1,1%) surpreendeu e reflete um mercado de trabalho ainda resiliente, amparado por uma renda média crescente, mesmo que a um delta menor. Houve, de fato, um freio no PIB, mas menor do que se projetava.”

Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, afirma que os dados “refletem uma dinâmica variada na economia, com alguns setores apresentando crescimento robusto enquanto outros enfrentam desafios”. “A queda na Formação Bruta de Capital Fixo é um ponto de atenção, pois investimentos mais baixos podem afetar o crescimento econômico futuro”, observa.

Para Moura, o consumo das famílias, que subiu 1,1%, deve desacelerar no último trimestre do ano, “refletindo em uma possível queda na atividade econômica entre outubro e dezembro”. “Além disso, as revisões que serão divulgadas podem ter um impacto significativo nas projeções para o ano, especialmente se mostrarem mudanças substanciais nos números”, afirma.

“Em suma, na minha visão, a economia parece ter alguns pontos fortes, como a performance da agropecuária e de certos setores industriais, mas também enfrenta desafios, especialmente relacionados aos investimentos. As revisões futuras podem oferecer um panorama mais claro e, possivelmente, influenciar as projeções econômicas”, completa Moura.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, avalia que “os números mais fortes não alteram o cenário de desaceleração da atividade econômica” no país.

“De um lado, temos os efeitos defasados da política monetária, a dissipação do impulso no período pós-pandemia e um arrefecimento da demanda externa. De outro, ainda temos observado um mercado de trabalho aquecido, contribuindo para um crescimento da massa salarial, e a permanência de alguns estímulos governamentais”, afirma. “Para 2023, preliminarmente, mantemos a projeção de um crescimento de 2,9%.”

Fonte: Metrópoles

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