Após o ápice da onda de calor nesta semana, que fez a temperatura bater recordes em vários estados, o Brasil se prepara agora para a chegada de fortes chuvas nos próximos dias. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de “perigo potencial” para tempestades em sete estados – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná – e no Distrito Federal.
Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que já vêm enfrentando elevados acumulados de chuvas, estão em alerta de “grande perigo” devido às tempestades. A Defesa Civil de Santa Catarina emitiu alerta para risco de alagamentos e deslizamentos por causa dos temporais.
Os termômetros atingindo marcas recordes na última semana são atribuídos à quarta onda de calor do ano, intensificada por um El Niño considerado atípico e pelos efeitos do aquecimento global.
Com a gradual entrada de umidade no país, um sistema propício ao desenvolvimento de tempestades se formou.
Calor antes da frente fria
Apesar da previsão de tempestades, a queda significativa nas temperaturas está prevista só a partir de domingo (19/11). Nesta sexta, algumas capitais, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, podem registrar temperaturas próximas aos 40°C. Cuiabá, por exemplo, pode chegar a 42°C, enquanto em Goiânia a máxima prevista é de 39°C.
Com a formação e o avanço da frente fria, as máximas deverão diminuir gradativamente, proporcionando alívio a partir de domingo. Capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, que enfrentaram recordes de calor na última semana, esperam redução de até 10 graus na máxima entre sábado (18/11) e domingo.
Usinas entram em ação
Em razão da atual onda de calor que afeta a maior parte do país, houve aumento do consumo de energia elétrica. Por isso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acionou as usinas térmicas. As usinas são acionadas, normalmente, quando os reservatórios das hidrelétricas estão em baixa.
A produção das usinas térmica mantinha padrão médio em torno de 7 mil megawatts por dia. No entanto, desde a última segunda-feira (13/11), em que houve o recorde na demanda, a produção começou a subir e, em menos de uma semana, aumentou em 63%.
A energia gerada pelas termoelétricas é mais cara por causa do custo dos combustíveis fósseis, como por exemplo o gás natural. Com o conflito no Oriente Médio, os derivados do petróleo subiram de preço. No entanto, apesar de mais cara e mais poluente, consegue dar uma resposta mais rápida.
Nesta semana, o país bateu recorde na demanda por energia, de acordo com dados do Sistema Interligado Nacional (SIN), do ONS. O sistema atingiu a demanda de 101.475 megawatts (MW) – o número é 16,8% maior do que o registrado no início de novembro, de 86.800 MW.
58,5ºC
A onda de calor assustou as populações das principais cidades do país. O Rio de Janeiro, por exemplo, registrou 58,5°C às 9h15 de terça-feira (14/11), a maior sensação térmica desde 2014. A medição foi feita pela estação do serviço municipal de meteorologia Alerta Rio em Guaratiba, na zona oeste da cidade. No momento, os termômetros marcavam 35,5°C.
Em São Paulo, o número de atendimentos médicos por causas relativas ao calor extremo dobrou nos sete primeiros meses de 2023 no estado de São Paulo, em relação ao mesmo período no ano passado. Houve salto de 154 registros, em 2022, para 312 neste ano, aumento de 102,5%, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
A onda de calor chegou em uma época do ano em que, normalmente, a estação chuvosa já está estabelecida e em que as nuvens funcionam como uma espécie de controle das temperaturas. A ausência dessa defesa, segundo a meteorologista do Inmet Anete Fernandes, potencializa os efeitos do fenômeno climático.
“Quando a gente tem ausência de chuva nesta época do ano, que chamamos de veranico, a ausência de nuvens favorece uma grande incidência de radiação na superfície, que é o que está acontecendo agora. Então, as temperaturas se elevam muito”, explicou.
Fonte: Metrópoles
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