Um homem morreu, na manhã desta quarta-feira (29/11), durante uma operação realizada por policiais federais, militares e civis contra membros da facção criminosa "Bonde do Maluco", conhecida como "BDM", que participaram diretamente do homicídio do agente federal, Lucas Caribé Monteiro de Almeida, de 42 anos.

A operação acontece em Salvador e região metropolitana. O grupo também é suspeito de praticar diversos crimes na Bahia.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, o homem foi identificado como Pablio Henrique Barbosa Almeida, de 25 anos, conhecido como "Emílio Gaviria", apelido dado em referência ao traficante colombiano Pablo Escobar.

Intitulado como "puxador de bondes" de uma facção, o homem foi encontrado em um condomínio na localidade de Abrantes, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Com passagens por porte ilegal de arma de fogo e denunciado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por tráfico de drogas e associação criminosa. Segundo a SSP-BA, o suspeito, que nasceu em Aracaju, ostentava fotos com fuzil e submetralhadora nas redes sociais.

Pablio Henrique Barbosa Almeida também é suspeito de comandar grupos para atacar rivais na região de Valéria. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, o suspeito atirou nas equipes do DHPP e PF e acabou atingido.

O suspeito foi socorrido e levado para o Hospital Menandro de Faria, mas não resistiu aos ferimentos. Um revólver calibre 38, munições e celulares usados para organizar ataques e na distribuição de armas e drogas foram apreendidos.

Nas investigações, a Polícia Federal descobriu uma conversa em que no dia da morte do policial federal, por volta de 16h, "Emilio Gaviria" disse em diálogo no chat do Instagram que passaria uns dias fora. E, provavelmente, se referindo às forças policiais e revelando integrar o BDM e, ainda, sugerindo ter participado do bonde que confrontou as forças policiais na madrugada do mesmo dia, afirma: "Eles vai sufocar agora" (sic).

Operação Temporal

Segundo a Polícia Federal, a "Operação Temporal" tem o objetivo de cumprir 12 mandados de busca e apreensão e oito de prisão.

A operação que terminou com a morte de Lucas Caribé e de mais quatro homens investigados por cometer crimes aconteceu no dia 15 de setembro, no bairro de Valéria. Até o dia 3 de outubro, ao menos 16 suspeitos de participação no crime já tinham morrido em confrontos com forças policiais.

Equipes das Polícias Civil (DHPP e CORE), Militar (BOPE, CHOQUE, BPatamo, Cipe Polo Industrial e Rondesp Atlântico) e Federal (COT, CAOP E GPI), além da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/BA) participam da operação desde as primeiras horas do dia.

As investigações revelaram que a ordem para invasão do bairro de Valéria que resultou no confronto, no dia 15 de setembro, partiu de uma liderança da facção que está presa há mais de um ano. Também foi constatado durante as investigações que o ataque aos policiais teve participação de mais de 50 criminosos fortemente armados.

A Polícia Federal informou que os investigados responderão pelos crimes de homicídio qualificado e organização criminosa. As penas somadas podem chegar a 38 anos de reclusão.

A PF informou que continuará a apuração na tentativa de identificar e localizar todos os suspeitos que participaram direta ou indiretamente da morte do policial federal. A instituição afirmou que qualquer informação que possa ajudar pode ser passada através do número: (71) 3319-6000.

A ação policial foi denominada de "Operação Temporal" porque o bairro de Valéria teve a origem a partir do desmatamento de três fazendas existentes na área onde hoje está localizado o local.

As fazendas eram pertencentes as famílias tradicionais: Schindller, Temporal e Omaque, dando origem a loteamentos e invasões. O primeiro loteamento oficial do bairro foi o do Temporal.

Cronologia das mortes em confrontos:

  • Os dois primeiros suspeitos foram mortos durante o confronto em que o policial Lucas Caribé foi baleado, no dia 15 de setembro;
  • No mesmo dia, outros dois homens apontados como suspeitos morreram após troca de tiros com policiais, entre os bairros de Valéria e Rio Sena;
  • A morte do quinto suspeito aconteceu no bairro de Mirantes de Periperi, no dia seguinte à operação;
  • No dia 17 de setembro, quatro suspeitos morreram em confrontos com as forças de segurança. As trocas de tiros aconteceram em Periperi e na Palestina;
  • No dia 21, cinco homens também apontados como suspeitos de participar do confronto morreram após uma troca de tiros, na cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador;
  • No dia 27, um suspeito foi morto em confronto com policiais em Cruz das Almas, cidade do recôncavo baiano. Na oportunidade, um outro homem também não resistiu aos ferimentos, mas ele não foi apontado como integrante do grupo;
  • No dia 2 de outubro, o último suspeito de envolvimento na morte do policial federal foi morto durante confronto com a polícia na cidade de Catu, a 70 km da capital baiana.

Violência na Bahia

Após o confronto que terminou com a morte de Lucas Caribé, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, afirmou que a guerra entre facções é a principal causa da violência no estado. Disse também que todos os recursos estaduais e federais estão disponíveis para acabar com o crime organizado.

Viaturas blindadas da Polícia Federal foram enviados para o estado para reforçar ações de combate ao crime organizado.

Apesar disso, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, disse que não vê possibilidade de uma intervenção federal no estado. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também afirmou acreditar que a situação pode ser resolvida com a parceria do governo do estado e governo federal, sem necessidade de uma intervenção.

Em outubro, o ministro anunciou R$ 20 milhões em recursos federais adicionais do Fundo de Segurança Pública (FNSP) a serem investidos na segurança pública da Bahia. Na oportunidade, o governador disse que os recursos federais serão usados para ações de defesa das divisas.

Fonte: g1

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