"Peguei a faca e joguei o mais longe que pude", disse o baiano Eder Santos em entrevista ao Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia, nesta quarta-feira (29/11). Ele ajudou o carioca Caio Benício a parar um ataque que deixou 5 feridos — 3 deles crianças — perto de uma escola de Dublin, na Irlanda.

O caso ocorreu na última quinta-feira (23/11), no momento em que o carioca Caio Benício estava no período do almoço e percebeu um movimento diferente na calçada de uma escola. Ele derrubou o agressor usando capacete de moto.

Eder Santos é natural de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, e mora na Irlanda. Ao relembrar como estava uma das vítimas, o baiano não conteve as lágrimas.

"A criança estava com a mão sangrando, o rosto sujo de sangue e com o olhinho entreaberto", detalhou emocionado.

Baiano Eder Santos ajudou carioca a parar ataque contra crianças na Irlanda — Foto: Arquivo Pessoal

Ele contou que estava a caminho de casa, de bicicleta, quando viu a situação depois de escutar uma mulher gritar do outro lado da rua.

"Eu olhei e vi o homem golpeando o peito da cirança. Ele colocou a criança contra a grade e deu de três a quatro golpes de faca no peito da criança".

"Eu desci da minha bicicleta, tinha outro rapaz que estava pedalando na minha frente, que era irlandês. Ele saiu correndo e eu [também] saí correndo para cima, para tentar parar o agressor", complementou.

Depois disso, o baiano disse que lembrava apenas da faca caindo no chão e a única cois que pensou naquele momento foi tirar o objeto do local para que o suspeito não fizesse mais vítimas.

Eu peguei a faca e saí correndo. Atravessei a rua, aonde estava minha bicicleta, e joguei a faca no mato, o mais longe que eu pude, disse Eder Santos, baiano que ajudou carioca a parar ataque na Irlanda.

Ao voltar para o local do ataque, Eder percebeu que "a situção estava controlada": o agressor havia sido contido e estava sendo "protegido" por duas mulheres, para que não fosse linchado por populares. Além disso, o socorro e a polícia já haviam sido acionados.

Ainda conforme informou o baiano, uma pessoa que estava no local começou a fazer massagem cardíaca na criança que ele viu ferida e, em questão de minutos, chegou uma ambulância para socorrer as vítimas. Depois, a polícia chegou ao local.

O agressor foi preso e o governo irlandês ainda não identificou as motivações, mas disse não tratar o caso como terrorismo.

Antes do ataque na calçada, ele esfaqueou outras duas crianças e um homem dentro da escola. Não há detalhes sobre o estado de saúde dos feridos.

Digitais do baiano na faca do agressor

Na hora do ocorrido, Eder não havia se atentado que suas digitais ficaram registradas na faca do agressor. Mas, quando a adrelina diminuiu, ele entrou em choque e ficou sem saber o que fazer.

"Liguei para o colega que mora comigo, ele é irlandês, e falei: 'aconteceu uma tragédia, vi um maluco atacando uma criança. Eu peguei na faca, eu me compliquei, e agora, o que faço? Vou para casa ou tenho que falar com a polícia?'", questionou.

O colega de Eder tentou acalmá-lo por telefone e orientou que ele procurasse a polícia e relatasse o ocorrido, já que tinha sido testemunha do ataque.

"Voltei para onde estava a faca, mas já tinha um policial protegendo a faca e, do lado dele, tinha um francês de 17 anos, o Alan, ele entrou em luta corporal com o agressor. Ele se machucou, estava com um corte no rosto e a mão também estava machucada", comentou.

"Eu falei para o policial que eu tinha pego a faca, eles [policiais] me levaram rapidamente para a delegacia e me trataram muito bem. Pediriam para que eu ficasse tranquilo. Prestei meu depoimento e, depois, eles me trouxeram para casa. Além disso, estão me dando todo o suporte psicológico, mas está sendo muito difícil para mim".

Eder Santos e Caio Benício foram recebidos pelo primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar. Segundo o carioca, Varadkar o agradeceu pessoalmente e fez questão de pedir desculpas por manifestações xenofóbicas no país. O ataque contra a escola gerou uma série de protestos em Dublin.

As autoridades disseram que 34 pessoas foram presas durante uma série de manifestações anti-imigração. O homem que atacou a escola e foi derrubado por Caio seria estrangeiro.

Fonte: g1

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