A Bahia é o quarto estado que mais produz café no Brasil. Este foi o nono produto na lista dos 10 mais exportados pelo estado em 2022. Os grãos plantados no interior têm ganhado cada vez mais espaço no mercado internacional, e com o crescimento da área plantada e investimentos em melhorias no cultivo, a expectativa é de resultados mais expressivos neste ano.
Em 2022, o preço elevado de café verde, solúvel e extratos permitiu que a exportação baiana alcançasse R$ 202 milhões de dólares em volume de negócios. Como este ano a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um aumento de aumento de 5,5% no plantio, em relação ao último ciclo, é possível que esses valores aumentem.
Além disso, a previsão de safra feita pela Conab para 2023 aponta que a Bahia deverá atingir 3,6 milhões de sacas beneficiadas, 0,6% a mais que na temporada anterior.
A alta qualidade da cafeicultura baiana, que já está mais do que comprovada, mais a demanda crescente pelo produto, são os motivos pelos quais especialistas apostam em um aumento do volume de negócios nos próximos meses. O consumo de café, em geral, tem crescido a uma taxa anual de cerca 1,5%, conforme especialistas.
Esta é a segunda bebida mais consumida no mundo, atrás apenas da água, e o Brasil é o segundo maior consumidor mundial, tendo à frente os Estados Unidos. O Brasil também é o maior cafeicultor do planeta.
Cafeicultura na Bahia
A Bahia produz dois tipos de café de alto valor no mercado: arábica e conilon. No caso do segundo, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do Estado (Seagri) prevê a maior colheita nos últimos 5 anos, resultando em 2.475.000 sacas em 2023, o que deverá tornar o estado o terceiro maior produtor deste grão no país.
“O café é uma cultura muito importante para o mundo e na Bahia, que é um estado de grande território, há regiões propícias ao plantio. No decorrer dos anos, o plantio do café avançou em nosso território. Estamos empenhados em colaborar para que a cultura experimente um novo salto na Bahia, tanto em termos de área plantada quanto em produtividade e produção. Para isso, estamos desenvolvendo estudos e nos aproximando dos atores da cadeia produtiva para agirmos de maneira eficiente”, comentou o secretário estadual Wallison Torres.
O órgão destaca que a cafeicultura baiana é uma atividade de grande empregabilidade dentre os principais setores do agronegócio. O setor emprega diretamente 150 mil pessoas e esse número pode praticamente dobra na fase da colheita dos grãos. Em toda a cadeia produtiva, desde a produção ao comércio, são gerados, em média, 400 mil postos de trabalho.
O café que ganha o mundo vem dos rincões. Na Bahia, são 24 mil fazendas de pequenos cafeicultores no interior, que respondem pela produção de 88% da produção estadual, de acordo com a Seagri - no Brasil, o percentual proporcional é de 25%.
As regiões que mais produzem café no estado são sudoeste, sul e Chapada Diamantina, porém, o oeste também tem sido um polo relevante de novos investimentos, e embora seja um cultivo mais recente, produtores da região já conquistaram selo de identificação geográfica, que atestam que determinado item é originário de um local, região ou país.
Mais de 10 marcas de cafés da Chapada Diamantina estão na lista das 30 melhores do Brasil, feita pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE).
Nos últimos anos, o café da região ganhou relevância mundial, com destaque aos produtores que atuam nos municípios de Ibicoara e Piatã. As localidades se destacam não somente pela quantidade na colheita, mas também pela extrema qualidade do grão, devido ao clima ameno, solo fértil, e altitude elevada, que propiciam as lavouras.
“Estamos localizados em Piatã, a cidade mais alta do Norte e Nordeste do país e cultivamos o café a 1.230 metros de altitude, o que já garante superior qualidade à produção", afirma o cafeicultor Antonio Rigno de Oliveira, da Fazenda Tijuco, que ganhou, no ano passado, o principal concurso de qualidade de cafés do mundo, o Cup of Excellence.
Na ocasião, a família Rigno de Oliveira se sagrou tetracampeã da competição, levando para casa o título de melhor café especial do Brasil na safra 2022. Os exemplares tiveram nota de avaliação de 91,41 pontos, em uma escala de zero a 100.
Para ser considerado um café especial, é necessário atingir ao menos 80 pontos em uma avaliação de padrões internacionais, que leva em conta aroma, doçura, acidez e outros aspectos. Com a nota obtida, superior a 90 pontos, o café da Fazenda Tijuco é considerado extraordinário.
Ainda no Cup of Excellence, tiveram destaque no evento outros cafés especiais da Chapada, como Tapuia, Garimpeiro e Terroir, todos da Cooperativa de Cafés Especiais e Agropecuária de Piatã (Coopiatã), considerada a cidade mais fria da Bahia.
Um dos fatores que agregam valor à cafeicultura da Chapada é a sustentabilidade. Cafés com certificação orgânica e biodinâmica, que são bastante demandados no mercado nacional e internacional, são diferenciais neste momento em que todo o mundo defende iniciativas de defesa do meio ambiente.
Na União Europeia, por exemplo, não é mais possível comprar grãos produzidos em áreas desmatadas desde 2022. Os países europeus estão entre os principais compradores do café da Bahia. Em Paris, capital da França, um dos revendedores é o empresário e barista Hipolyte Corti, que aprecia o produto da Chapada, entre ouros motivos, pela preservação ambiental, já que a região prioriza o manejo orgânico.
"Esse tipo de agricultura, sustentável, é bem mais eficiente para renovação no solo, que é mais rico em húmus, material orgânico. Isso faz com que a bebida tenha um sabor muito particular, pois não há química, pesticida", disse o francês em entrevista à TV Bahia.
Fonte: g1
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