Na capoeira, a "mandinga" representa a habilidade do capoeirista em surpreender o oponente, como uma espécie de "malícia de jogo". Na política, especialmente na Bahia, o poder de articulação do governador Jerônimo Rodrigues (PT) para atrair antigos oposicionistas para o seu lado tem chamado a atenção. Foi assim com o PP, que foi e voltou, num intervalo de meses.
E não é mais segredo para ninguém que o PT baiano quer ter ao seu lado a maioria de partidos que antes faziam oposição à gestão feita no Governo do Estado. Desde a montagem da chapa candidata nas eleições, com a migração do MDB, e no segundo turno, com PSC e Cidadania, a bola da vez do movimento petista é o PSDB, histórico antagonista do PT na política.
Claro, não seria a primeira vez em que o PSDB aglutina junto ao PT na Bahia. Num contexto histórico, em 1994, em uma coligação, o movimento contrário ao atual partiu do PT - que apoiou Jutahy Magalhães na disputa pelo Governo do Estado. Já em 2006, veio a retribuição, com a adesão tucana à campanha de Jaques Wagner ao Palácio de Ondina, mesmo que de forma indireta. Aliança essa que durou até 2009.
No entanto, agora, em uma tentativa clara de enfraquecimento do lado carlista na Bahia, liderado pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (UB), tem ganhado força. E as negociações, que outrora eram consideradas inviáveis, passaram a engatinhar com a filiação do presidente da Câmara de Salvador, o vereador Carlos Muniz (PSDB).
O próprio Muniz já se intitulou como o elo que faltava para que as conversas entre PT e PSDB começassem. A partir daí, elas foram amadurecendo e chegaram ao presidente estadual da sigla, o deputado federal Adolfo Viana e pelos deputados estaduais do partido.
Mas, com a visita do governador do Rio Grande do Sul e presidente nacional dos tucanos, Eduardo Leite, no último sábado (27), a possível adesão ganhou mais um capítulo. Intitulado como um partido de centro e disposto a dialogar com os dois diferentes campos de Poder na Bahia, o PSDB deu mais um passo para entrar na roda de capoeira do PT, com direito a berimbau, cargos e tudo mais.
Agora, resta saber até onde vai essa parceria e o que os tucanos, que não são bestas e nem nada, vão levar com isso. Seria esse apenas mais um movimento de enfraquecimento da base netista? Ou mais um movimento de ampliação como o que tentou o PT nacional, nas últimas eleições, de “frente ampla”?
Por aqui, seguimos acompanhando os desdobramentos desta nova parceria que renasce e aguardamos quem vai dar as "bênçãos" e "rasteira" em quem ou se prevalecerá a "mandinga", o "martelo" e o "gingado" do novo líder petista na Bahia.
Por Eduardo Dias – Jornalista jacobinense colunista do BNews.
Foto: Domingos Júnior / BNews
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