O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se pronunciou, na manhã desta sexta-feira (3/2), sobre a informação de que teria sido avisado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) de um plano golpista para reverter a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.
Moraes confirmou que foi procurado por Do Val, e que o parlamentar de fato falou sobre uma suposta reunião em que a trama golpista foi apresentada. Contudo, não tomou qualquer atitude, porque o senador não aceitou “colocar o relato no papel” e dar depoimento ao magistrado. “Eu agradeci, mas, para mim, o que não é oficial não existe”, frisou.
“O deputado Daniel Silveira o teria procurado, e ele teria participado realmente de uma reunião com o ex-presidente da República, e a ideia genial que tiveram era colocar escuta no senador, que não tem nenhuma intimidade comigo — eu conversei três vezes na vida com esse senador — para que ele pudesse me gravar a solicitar a minha retirada dos inquéritos”, relatou.
Segundo Moraes, quando questionou Marcos do Val sobre um possível depoimento, o parlamentar se esquivou. “Eu indaguei o senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel, e eu tomaria imediatamente o depoimento dele, mas ele disse que é uma questão de inteligência e não poderia reafirmar”, prosseguiu.
O ministro deu as declarações durante participação na conferência realizada pelo Lide em Lisboa, Portugal. Na quinta-feira (2/2), o senador do Podemos declarou ter participado de uma reunião com o então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e o ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília, na qual Silveira propôs um plano contra o ministro do STF.
Moraes, então, ironizou a proposta: “Essa é uma tentativa de ‘Operação Tabajara’, que mostra exatamente o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”. O ministro continuou a fala explicando que autorizou a oitiva da Polícia Federal (PF), na tarde dessa quinta-feira (2/2), no âmbito da investigação que apura os atos golpistas de 8 de janeiro.
“As investigações por parte da PF continuarão para que nós possamos analisar a responsabilidade de todos aqueles que se envolveram na tentativa de golpe. Temos hoje em torno de 950 pessoas que permanecem presas, e mais 560 pessoas foram soltas com medidas cautelares que devem ser cumpridas”, completou.
Tentativa golpista
O senador Marcos do Val prestou depoimento à Polícia Federal, na quinta-feira (2/2), no âmbito da investigação que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. Na saída, o parlamentar reafirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio durante uma reunião na qual o ex-deputado federal Daniel Silveira teria falado sobre um plano de golpe de Estado.
Ao sair da PF, o parlamentar reforçou a versão de que Silveira seria o responsável por, no fim do ano passado, arquitetar um plano para grampear o gabinete do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, em tentativa de provar suposta interferência do magistrado no processo eleitoral para beneficiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Inicialmente, o senador afirmou que a reunião com o ex-deputado e Bolsonaro teria ocorrido no Palácio da Alvorada. “O Daniel que puxou o assunto. A ideia dele é que pudesse resolver um problema dele e do presidente”, afirmou.
“Eu não sei o que eles conversaram entre eles [Bolsonaro e Silveira]. Eu não posso colocar aqui a fala do que o presidente estava pensando.”
A oitiva na PF durou cerca de quatro horas. O parlamentar chegou à sede da corporação, em Brasília, por volta das 16h30, e deixou o prédio às 21h.
Por Metrópoles
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