Em sua última campanha para a Câmara dos Deputados, a ministra do Turismo do governo Lula, Daniela do Waguinho, do União Brasil do Rio de Janeiro, gastou R$ 1,09 milhão em gráficas que não existem em seus endereços fiscais. A ministra também é acusada de ter ligação com milícias no Rio de Janeiro. 

As empresas pertencem a um ex-assessor de Belford Roxo (RJ), onde o marido de Daniela, Waguinho, é prefeito. Foram R$ 561 mil em recursos do fundo eleitoral gastos na Rubra Editora Gráfica Ltda e R$ 530 mil na Printing Mídia Ltda. O dono de ambas é Filipe de Souza Pegado, que foi assessor no setor de contratos e convênios da Secretaria Municipal de Educação de Belford Roxo em 2021, segundo o Diário Oficial do município.

O endereço da Rubra Editora, registrado na Receita Federal, é um escritório de coworking em um prédio comercial em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. A coluna esteve no local e foi informada de que o espaço serve apenas para receber correspondências e que a empresa nunca teve escritório físico no lugar.

Já a Printing Mídia Ltda tem como endereço fiscal um galpão em São João de Meriti, cidade vizinha a Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A coluna também foi até o local e descobriu que no endereço funciona um frigorífico de carnes. Vizinhos do frigorífico relataram nunca terem visto uma gráfica funcionando ali ou nas proximidades.

A coluna questionou a equipe de Daniela sobre onde funcionariam as gráficas em que a ministra gastou R$ 1,09 milhão e perguntou se há qualquer elemento para demonstrar que foi realmente prestado o serviço.

A assessoria não respondeu e pontuou apenas que as contas da ministra foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.

Além de ser fornecedora da campanha de Daniela, a Rubra Editora e Gráfica Ltda prestava, teoricamente, serviço para a Prefeitura de Belford Roxo. Em 2017, quando Daniela era secretária de Assistência Social e Cidadania do município, o Ministério Público do Rio de Janeiro tentou barrar a contratação da empresa pela prefeitura.

O MP questionou o uso de R$ 2,1 milhões do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) em “material de comunicação visual” impresso pela gráfica. Em segunda instância, porém, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro considerou que não houve desvio de finalidade e arquivou o processo.

De 2017 até hoje, a Prefeitura de Belford Roxo já autorizou o pagamento de R$ 6,3 milhões para a Rubra Editora e Gráfica, segundo o Portal de Transparência do município.

Ao não conseguir acessar a estrutura física da gráfica, a coluna tentou contato com o telefone comercial das duas gráficas e encaminhou e-mails, mas o dono, Filipe de Souza Pegado, não respondeu.

Por Guilherme Amado / Metrópoles

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