O fundador e ex-presidente do Partido Novo, João Amoêdo, declarou voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno deste ano. Em 2018, quando também foi candidato à Presidência da República, Amoêdo anunciou apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno disputado contra o petista Fernando Haddad.
A declaração de voto ocorreu na manhã deste sábado, em entrevista à "Folha de São Paulo". Amoêdo havia indicado, anteriormente, que pretendia anular o voto no segundo turno das eleições presidenciais.
"Os fatos, a história recente e o resultado do 1º turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior", afirmou Amoêdo, em mensagem enviada ao jornal paulista.
Amoêdo mencionou entre esses riscos a recente investida de Bolsonaro e de aliados a respeito de uma possível alteração na composição do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-dirigente partidário também lembrou que, em 2018, sua postura no segundo turno foi de "voto contra o projeto petista".
"Era inadmissível que um partido envolvido em tantos esquemas de corrupção e que conduziu o país à pior recessão pudesse retornar ao poder. Votar em Bolsonaro com todas as suas limitações não era uma opção, mas a falta delas", escreveu.
Mas, para Amoêdo, o Brasil regrediu institucionalmente e como sociedade nos últimos quatro anos. Neste período, conforme o comunicado, a independência dos Poderes foi comprometida, o Legislativo foi cooptado pelo orçamento secreto e o STF se tornou alvo de ataques.
Amoêdo também mencionou a extinção do combate à corrupção, com o desmonte da Lava Jato, e o "descaso com a educação, o meio ambiente, a ciência, a cultura, a responsabilidade fiscal e, acima de tudo, o desprezo pela vida dos brasileiros completam o legado desastroso".
O ex-presidente do Partido Novo, no entanto, sustenta que mantém as mesmas críticas e restrições a Lula e ao PT. Mas, diante deste quadro, vai fazer algo até pouco tempo inimaginável para ele. "No dia 30, farei algo que nunca imaginei. Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13", afirmou.
Nas redes sociais, o presidente do partido, Felipe D'avilla, demonstrou descontentamento com a declaração do colega.
A declaração de voto de Amoedo ao Lula é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo que tantos males criou ao Brasil.
— Felipe D'Avila (@fdavilaoficial) October 15, 2022
Amoedo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais
Na tarde deste sábado, o Novo publicou uma nota sobre o tema em que classifica o posicionamento de Amoêdo como "lamentável e incoerente".
"Seu posicionamento não representa o Partido Novo e vai contra tudo o que sempre defendemos. A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020. Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro", diz o documento.
Fonte: O Globo
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