A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro decidiu cassar o mandato do vereador Gabriel Monteiro (PL). A sessão que começou pouco depois das 16h desta quinta-feira (18) se arrastou e atravessou a noite.
Nove vereadores se manifestaram. Nenhum deles defendeu Monteiro, nem mesmo o aliado do parlamentar, Felipe Michel (PP), que disse que rezaria por ele, mas que seguiria o relatório do Conselho de Ética.
O documento, aprovado por unanimidade pelos sete membros do colegiado, sugeria que o plenário retirasse a cadeira de Monteiro por filmagem de cena de sexo explícito com adolescente de 15 anos, agressão e ameaça a pessoa em situação de rua, exposição vexatória de criança, e abuso sexual contra uma criança.
Ele nega todas as acusações e se diz perseguido.
Olhando de frente para a mesa diretora, ocupada pela cúpula da Câmara dos Vereadores do Rio, advogados de Gabriel Monteiro e o relator do processo no Conselho de Ética, os vereadores e a imprensa viram ser lotadas as duas galerias. À direita, apoiadores de Monteiro. À esquerda, militantes contrários a ele. Nos dois lados, gritos de protesto, faixas e cartazes.
Clima muito diferente da sessão final de cassação do então vereador Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho. Realizada um ano antes, a sessão culminou na perda de mandato e direitos políticos do parlamentar que, preso, não compareceu.
O advogado de Monteiro, entre outras coisas disse que o vereador foi perseguido pela “Máfia dos Reboques”, que foi traído e satirizado por seus ex-assessores e retaliado por incomodar o poder público com seus atos, como os de fiscalização.
O discurso começou por volta de 19h50, quando já tinham se passado quase quatro horas de sessão. Ele falou por quase uma hora e passou a palavra ao próprio Gabriel Monteiro.
Pré-candidato a deputado federal pelo PL do governador Claudio Castro e do presidente Jair Bolsonaro, Monteiro ainda não teve a candidatura deferida pelos tribunais eleitorais. Apesar disso, a leitura da procuradoria da Câmara é que, mesmo cassado, ele pode acabar eleito e empossado para Câmara Federal, em Brasília.
Em sua fala, Monteiro fez uma espécie de mea culpa, reconhecendo erros mas negando as acusações. “Senhores, eu errei muitas coisas, eu poderia chegar nesse parlamento e ter aprendido mais”, disse Monteiro.
“Eu errei pra caramba em várias coisas, não de estupro, não de assédio, mas eu poderia entender melhor a função do legislativo em algumas perspectivas”, completou o parlamentar.
Ele sugeriu que os vereadores são reféns da mídia e que tirar o mandato dele seria ruim inclusive para seus colegas. “Tirar meu mandato é decretar para minha moral a minha morte”, disse Monteiro.
Mais cedo, o advogado dele o havia classificado como “um vingador, representante do povo que jamais foi condenado com trânsito em julgado por qualquer crime”.
Em manifestação pelas redes sociais após a cassação, Monteiro declarou que foi “eleito e em menos de dois anos provei que função de vereador é fiscalizar e não ficar curtindo ar condicionado no gabinete. Deus me deu o mandato, Deus tomou o mandato, glória a Deus por tudo. Serei o Deputado Federal mais combativo.”
Por CNN Brasil
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