Dados de caixa preta recuperados do avião da China Eastern que caiu em março sugerem que alguém no cockpit derrubou o a aeronave intencionalmente, informou o “Wall Street Journal”, citando uma avaliação preliminar de autoridades dos Estados Unidos.

O Boeing 737-800 estava voando de Kunming para Guangzhou quando caiu oito quilômetros até atingir as montanhas, matando todos os 132 passageiros e tripulantes a bordo. Este foi o acidente aéreo mais mortal da China em décadas.

Informações extraídas do gravador de dados de voo danificado do avião mostram ordens de entrada feitas por um humano nos controles para o mergulho, de acordo com o Wall Street, citando pessoas familiarizadas com o caso.

“O avião fez o que foi dito por alguém na cabine”, informou a fonte do jornal.

O gravador de dados de voo do avião e o gravador de voz da cabine foram recuperados do acidente e enviados ao Conselho Nacional de Segurança em Transportes dos EUA (NTSB), em Washington, para análise, segundo a mídia estatal chinesa.

Autoridades americanas envolvidas na investigação estão se concentrando nas ações de um piloto, de acordo com o Wall Street, acrescentando que também é possível que outra pessoa no avião possa ter invadido a cabine e causado deliberadamente o acidente.

Os investigadores chineses não revelaram nenhum problema mecânico ou técnico com a aeronave que poderia ter causado o acidente, mas podem exigir mais ações em toda a indústria – como é típico após sitações como esta – um fato que as autoridades americanas acreditam que dá credibilidade à sua avaliação, o jornal relatado.

A CNN entrou em contato com a Administração de Aviação Civil da China (CAAC) e a China Eastern Airlines para comentários sobre o caso.

Em comunicado ao Wall Street, a China Eastern disse que não surgiram evidências que pudessem determinar se houve ou não problemas com a aeronave envolvida no acidente. A companhia aérea pontuou ainda que as condições de saúde e familiares dos pilotos eram boas e acrescentou que sua situação financeira também estava normalizada.

“Qualquer especulação não oficial pode interferir na investigação do acidente e afetar o progresso real da indústria global de transporte aéreo”, ponderou a companhia aérea ao jornal.

Na quarta-feira, o jornal estatal chinês Global Times citou um comunicado da CAAC, que disse ter procurado os investigadores do NTSB que negaram “divulgar informações sobre a investigação a qualquer meio de comunicação”.

De acordo com o Global Times, o CAAC disse que a investigação está em andamento de maneira “científica e rigorosa” e prometeu divulgar atualizações “oportunas e precisas”.

Em um resumo do relatório preliminar divulgado em 20 de abril, o CAAC destacou que as duas caixas pretas foram “gravemente danificadas” e “o trabalho de restauração e análise de dados ainda está em andamento”.

O relatório observou que a tripulação de voo e o pessoal de manutenção “atenderam aos padrões relevantes” e que não havia itens a bordo que tivessem sido declarados como mercadorias perigosas, nem previsão de clima perigoso.

Antes que o avião saísse da altitude de cruzeiro, as comunicações de rádio entre a tripulação e o departamento de controle de tráfego aéreo não apresentavam nenhuma anormalidade, ainda segundo o texto.

Rumores sobre um copiloto derrubando intencionalmente o avião circularam amplamente na internet da China no início de abril, com algumas pessoas fazendo referência para as observações da CAAC sobre a saúde mental dos funcionários da aviação após o acidente.

Em uma reunião sobre segurança da aviação em 6 de abril, o diretor da organização, Feng Zhenglin, pediu aos funcionários do Partido Comunista em todos os níveis a “estabilizar os pensamentos de suas equipes, fazer o máximo esforço para resolver os problemas dos funcionários em seu trabalho, vida e estudo, e garantir sua integridade física e saúde mental”.

“Em particular, as autoridades devem fazer o melhor possível no trabalho ideológico dos pilotos para estabelecer uma base sólida para que a linha de frente opere com segurança”, disse Feng.

As especulações sobre o suicídio do piloto causando o acidente já levaram o CAAC a negar o fato. “Esses rumores enganaram seriamente o público e interferiram na investigação do acidente”, alertou Wu Shijie, um funcionário do órgão, em entrevista coletiva em 11 de abril, adicionando que a polícia estava fazendo investigações para responsabilizar aqueles que iniciaram os rumores.

Fonte: CNN Brasil

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