O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (7/4), ser contra o aborto e voltou a afirmar que o assunto deve ser debatido como uma questão de saúde pública. Na terça-feira (5/4), Lula gerou polêmica ao comentar o assunto e dizer que "mulheres pobres morrem", enquanto "madame pode fazer um aborto em Paris".
"Essa pergunta já chegou pra mim umas mil vezes: eu sou contra o aborto, mas é preciso transformar numa política pública. Mesmo eu sendo contra, ele existe, ele se dá com uma pessoa de alto poder aquisitivo, ela vai ao exterior e se trata. E o pobre, como faz?", disse em entrevista à rádio Jangadeiro BandNews, de Fortaleza.
Coordenadores da campanha do presidente Jair Bolsonaro preparam o uso da frase para afastar Lula dos eleitores conservadores, conforme informou o Blog da Andréia Sadi. Fontes dentro do PT afirmaram terem sidas pegas de surpresa com a fala do pré-candidato e que Lula centraliza e não delega decisões, tampouco debate temas polêmicos que vai abordar em entrevistas, debates e discursos.
"O que acho é que o aborto tem que ter atenção do estado, o estado tem que cuidar dessas pessoas. É uma questão de bom senso. Por mais que a lei proíba e a religião não concorde, ele existe, a partir do momento em que a pessoa esteja no processo de aborto, o estado tem que amparar essa pessoa", completou o ex-presidente.
No primeiro semestre de 2020, mais de 80 mil mulheres foram atendidas pelo SUS em todo o país em razão de abortos malsucedidos - provocados ou espontâneos. O total é 79 vezes maior do que o de interrupções de gravidez previstas pela lei no período: 1.024 abortos legais realizados à época.
Protesto na casa de deputados
Outro tema tratado por Lula na entrevista foi referente a outra declaração dita na terça-feira, em que incentivou que a população vá até a casa de deputados cobrá-los sobre determinados temas e não em Brasília para protestar. Deputados bolsonaristas reagiram as declarações, com um deles recarregando uma arma enquanto convida Lula para visitá-lo.
Lula disse que deputados não veem os protestos quando estão dentro da Câmara e que " Todo deputado mora em uma cidade, todo senador mora em uma cidade". "Eu ainda utilizei a palavra ir na porta da casa dele conversar, de forma civilizada, debater um tema que vocês querem ser discutido para que vocês possam ser ouvidos por deputado", completou.
O ex-presidente questionou políticos que "durante as eleições falam que adoram o povo, anda de carro aberto, abanando a mão para o povo" e que, "depois de eleito, o povo passa a ser estorvo". "Não, não custa nada. O cidadão vai lá, bate palma, o deputado sai de forma civilizada, atende os eleitores, pergunta o que eles querem. Eles vão dizer que não quer que aprove determinada lei e o deputado diz se vai votar ou não. Qual é o mal nisso?", falou Lula.
Fonte: g1
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