O Corpo Clínico do Hospital Regional Vicentina Goulart, em Jacobina, divulgou uma carta aberta à população nesta quarta-feira (02/02) expondo as condições inadequadas de trabalho e salários atrasados. Na carta, enviada ao Jacobina Notícias, os médicos afirmam que a situação ficou "insustentável" e uma greve poder ser inevitável. A unidade é referência no tratamento da Covid-19.
A reportagem do Jacobina Notícias também foi informada que há um déficit de profissionais e os que trabalham na unidade estão sobrecarregados. Um exemplo disso acontece desde a manhã desta quarta e continua à tarde, com centenas de pessoas enfrentando filas e aguardando por horas à fio para fazer um simples teste de Covid-19. Apenas um médico atende a população, o que, além de não suficiente, se torna impossível para o profissional.
Para piorar ainda mais a situação, a prefeitura, através da nova organização gestora, propôs a redução salarial de todos os profissionais do Hospital Regional.
A situação vem se agravando desde o final do ano passado, quando os salários dos médicos deixaram de ser pagos. O Corpo Clínico isenta a instituição gestora da unidade e afirma que a Prefeitura de Jacobina não fez os repasses para que os salários fossem devidamente pagos. O caos na saúde de Jacobina ganha mais um lamentável capítulo. Agora, a principal unidade de tratamento da Covid-19 pode parar.
Confira a carta na íntegra abaixo:
Carta aberta à população de Jacobina e Microrregião
Prezados e Prezadas,
Viemos, através desta, na qualidade do Corpo Clínico do Hospital Regional Vicentina Goulart, comunicar a todos um lamentável fato tolerado pelo seu
serviço de referência em doenças respiratórias (urgência, emergência, internação clínica e UTI), aberto desde o início da pandemia, servindo com qualidade honesta todas as nossas famílias, além de sentimento de honra pelo privilégio de poder cuidar.
A última competência de pagamento dos nossos honorários a do mês de outubro de 2021, estando, portanto, vencidos os prazos de pagamento das
competências de novembro e dezembro de 2021. São 2 (dois) meses em atraso. Tivemos uma relação de transparência com o instituto que administrou o Hospital
até o dia 19 de janeiro de 2022, a APAS - sempre respeitosa com os colaboradores - e consta para a empresa ausência de repasse por parte da Prefeitura Municipal de Jacobina. Os líderes médicos do nosso Hospital tiveram acesso aos extratos bancários e depósitos feitos ao longo de todo o contrato, permitindo concluir uma grande diferença de repasse a menor pelo menos nos últimos meses do ano.
Confessamos surpresa em sermos preteridos pela administração pública, quando arriscamos a própria vida para ser linha de frente contra o Covid19
desde o começo. Isso traduz minimamente, para nós, desrespeito. Isso traz tristeza. Nunca fizemos nada para receber isso, quando apenas nos empenhamos
fortemente no projeto de atender aos doentes mais graves da nossa microrregião.
Como todo trabalhador, precisamos receber pelos serviços prestados. A situação está insustentável. Hoje, todo o corpo médico do hospital se une em
prol dos seus direitos, mas sem desamparar a população à qual servimos. Lançamos hoje mão do nosso direito de greve. Trataremos a matéria com a mesma gravidade com que de nós são cobrados os nossos deveres profissionais. A partir do dia 07/02/2022 (segunda-feira próxima), não sanadas as pendências,
entraremos em ESTADO DE GREVE. Caso até o dia 20/02/2021 persista sem solução devida, cumprindo com os requisitos de segurança previstos em Lei,
entraremos em GREVE, assegurados todos os atendimentos de urgência e emergência, com a mesma qualidade a que nos dispusemos a fazer durante todo o
tempo.
Essa Carta também segue para o órgãos competentes: Ministério Público, Conselho Regional de Medicina da Bahia e Sindicato dos Médicos da Bahia.
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