Registrada de forma documental em Israel na última segunda-feira, a "flurona", nome dado à infecção simultânea pela gripe H3N2 e pela Covid-19, não deve ter muitos casos contabilizados ao redor do mundo. Especialistas sugerem que, apesar da coinfecção ser um fenômeno possível, a "regra" é que ela não aconteça. Na Bahia, ainda não há nenhum registro oficial da dupla infecção, de acordo com a Secretaira Estadual de Saúde (Sesab).
A médica infectologista Clarissa Ramos explica que "a pessoa tem que dar um azar danado" para apresentar essa condição. Um dos motivos para a dificuldade de contabilizar casos é que pode ocorrer de o organismo carregar ambos os vírus e apenas um destes estar ativo. "Por exemplo, um paciente que teve Covid mês passado, agora está com gripe. Se você testa o paciente, pode vir Covid, porque o PCR pode ficar positivo até três meses depois da doença. Temos que ter cuidado para definir o caso de coinfecção, para realmente descartar essas outras possibilidades. Uma vez que o paciente tenha, pode transmitir tanto gripe como Covid. [Os contaminados] Podem ou não desenvolver as duas, nem uma nem outra ou somente uma das duas", pontuou.
O também infectologista Adriano Oliveira concorda com a especialista. Ele pontua que a coinfecção não é uma realidade nova na infectologia, e que, na verdade, a 'flurona' não é uma doença diferente. "É uma coinfecção. São duas doenças simultâneas. É uma possibilidade bastante concreta para os dias de hoje, particularmente aqui no Brasil, que temos epidemias simultâneas. Já têm chegado alguns casos, mas não apresenta nada de especial. Aparentemente, o que temos é basicamente duas doenças respiratórias e o sistema imunológico lutando contra as duas", explicou.
O médico, referência em infectologia do Hospital Aliança, sugere que os casos, se registrados no estado, serão poucos. "Acredito que não vai se tornar regra porque depende da presença dos dois vírus simultaneamente, e não tem porque a gente crer que um facilite a epidemia do outro. A H3N2 apareceu aqui quando a Covid estava em baixa. Mas é uma realidade com a qual teremos que lidar", disse.
Ainda assim, ele alerta que é preciso monitorar os casos. "A medicina carece de observação. O quanto essas doenças vão apresentar deletérios [prejuízos à saúde] aditivos é uma incógnita, ainda", lembrou. Clarissa, por sua vez, lembra que as duas doenças afetam a mesma área, o pulmão, e que por isso a evolução da 'flurona' é passível de atenção. "Corre o risco de você ter um caso mais grave", diz.
Como o organismo lida com o fenômeno?
A condição de dois vírus infectando o organismo ao mesmo tempo não é algo que o corpo humano não está acostumado a lidar. De acordo com Clarissa Ramos, o organismo é capaz de dar "uma resposta imune para combater cada um desses vírus".
"Acontece com grande frequência no nosso corpo, porque apesar de não adoecermos de forma diária, estamos entrando em contato com diversos patógenos, microorganismos, e nosso corpo vem produzindo uma resposta imune contra isso", pontua.
Os especialistas reforçam a importância da vacinação, tanto contra a Covid-19 quanto contra a H1N1, para reduzir a possibilidade da coinfecção. "O ideal é tomar a vacina da gripe. Mesmo que não tenha cobertura dessa cepa. A gripe tem uma ocorrência de mutação mais frequente do que a Covid. Há a possibilidade das pessoas ficarem mais doentes pela gripe no momento atual por conta disso", reforçou Clarissa Ramos.
Ao Bahia Notícias, a Sesab assegurou que, até o momento, não houve identificação de casos de flurona em todo o estado. Ainda de acordo a pasta, as medidas para evitar a proliferação da dupla infecção, são as mesmas que já vem sendo adotados em relação à Covid-19 e à Influenza. "Há uma vigilância ativa do estado em relação aos agravos, com monitoramento dos casos. A recomendação é que as pessoas completem seus esquemas vacinais contra a Covid-19 e continuem seguindo as recomendações de distanciamento físico e uso de máscaras".
Fonte: Bahia Notícias
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