Com o país batendo recordes de casos de Covid-19 por causa da variante Ômicron, empresas e órgãos públicos estão sendo fortemente impactados.
As consequências são visíveis em setores que têm mais interação com o público: centenas de voos sendo cancelados, agências bancárias fechadas, hospitais com problemas para completar equipes, e pontos de comércio, como postos de combustíveis, trabalhando com capacidade reduzida.
De acordo com dados da empresa Closecare, que trabalha com gestão de atestados em saúde corporativa, o número de afastamentos relacionados à pandemia (diagnósticos de Covid-19 e de outras síndromes respiratórias que forçam afastamentos) no Brasil subiu de 39,1%, em dezembro do ano passado, para 51%, em janeiro.
A previsão da start up da área médica é de que os empresários brasileiros fechem janeiro lidando com 18 milhões de atestados, número duas vezes maior que o de dezembro de 2021, o que pode gerar um impacto de R$ 12 bilhões na economia brasileira.
Ainda segundo as expectativas da Closecare, em regiões mais fortemente impactadas pela pandemia, empresas e órgãos públicos podem ter de lidar com até metade de seus funcionários apresentando atestados no mesmo mês (enquanto, historicamente, um a cada quatro funcionários entrega ao menos um atestado por mês).
Com o país registrando uma taxa de transmissão acima de 1, o que indica que cada infectado passa a doença para mais de uma pessoa, a tendência é um mês de fevereiro com ainda mais pressão sobre os empregadores, avalia o médico e presidente da Aliança para a Saúde Populacional (Asap), Cláudio Tafla.
“A Ômicron gera essa alta na contaminação, que impacta muito as empresas. Quando há um surto, o risco de se espalhar logo entre a equipe é gigante, chega a inviabilizar o trabalho, fazendo pontos de atendimento fecharem, voos serem cancelados, ainda que haja decisões diminuindo o número obrigatório de comissários ou reduzindo o prazo de afastamento”, afirma ele, em entrevista ao Metrópoles.
Ainda segundo o médico, a explosão de contágios atinge também o setor informal (no qual estão 40% da força de trabalho do país), com consequências ainda piores. “Eles estão mais expostos porque não recebem contrapartida salarial do INSS, ficam sem receber se ficam sem trabalhar, e muitos não suportam isso: a consequência é que muita gente sai para trabalhar mesmo sabendo que está infectada, aumentando a transmissão”, analisa o profissional.
Não são apenas más notícias
Apesar de estar afastando muita gente do trabalho, a Covid não está durando tanto quanto no ano passado, o que permite uma volta às atividades em menos tempo, gerando um custo menor ao empregador e à seguridade social. “Graças à vacinação, os infectados em geral não desenvolvem quadros graves, não precisam de internação, não ficam com aquelas sequelas complicadas”, avalia Tafla.
Segundo a Closecare, a duração média dos afastamentos relacionados a problemas respiratórios diminuiu de sete dias, em média, em março de 2021, para quatro dias, também em média, em dezembro passado. Com isso, os atestados relacionados a problemas respiratórios ficaram mais baratos para o empresário. Enquanto, também em março de 2021, eles custavam R$ 1.206, em média, em dezembro de 2021, eles passaram a custar R$ 738.
Ainda assim, diz a empresa, os atestados relacionados a doenças respiratórias duram, normalmente, 52% a mais que a média dos demais.
Fonte: Metrópoles
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