O corpo do tenente Mateus Grec, da Polícia Militar, morto a tiros em um confronto contra criminosos, no bairro de Cosme de Farias, foi enterrado na tarde desta segunda-feira (13), no Cemitério Bosque da Paz, na capital baiana. Os cães dele, Bruce e Youki, também foram levados ao cemitério para se despedirem do policial.
Consternados, amigos de farda carregaram o caixão que levava Mateus Grec de Carvalho Marinho Queiroz, de 35 anos. Uma multidão seguiu o cortejo fúnebre, e acompanhou em silêncio as honras militares.
O velório e o sepultamento foram marcados por homenagens e muitos aplausos. Na beira do túmulo, o pai do PM, Everaldo Marinho, lamentou o caso.
"Em uma incursão com 10 homens, se eles tivessem arma suficiente meu filho não estava morto. Falta de armamento para a polícia", disse, revoltado.
Antes de ser policial, era meu filho, meu único filho, meu sangue, meu orgulho, falou, emocionado.
Sobre a crítica do pai de Mateus Grec, de que falta armamento para a polícia, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) se posicionou por meio de nota. O órgão disse que nos últimos quatro anos foram mais de R$ 40 milhões aplicados na compra de armamentos e coletes.
Segundo a SSP-BA, por causa desses investimentos, é possível garantir a todo policial e bombeiro armamento próprio, mesmo quando está de folga.
Caso
O tenente Mateus Grec foi morto na noite de domingo (12), na região do Alto do Cruzeiro, no bairro de Cosme de Farias. As equipes estavam faziam uma ronda na região, quando houve um confronto com homens armados.
"Nossas equipes foram atacadas por um grupo de 20 a 30 homens com armas de fogo automáticas e semiautomáticas e durante enfrentamento o tenente Mateus Grec foi atingido e veio a óbito", disse o comandante da Rondesp, o major Valdivino Sacramento.
Segundo o major, Mateus Grec foi atingido no tórax, na abertura do colete a prova de balas, lateralmente.
Durante o confronto, quatro suspeitos foram baleados, e um deles morreu. Na fuga, um dos suspeitos invadiu uma casa, e fez a uma família refém.
Ivonete Santos se preparava para comemorar o aniversário de dois netos. Os salgados e os doces da festa ficaram em cima de uma casa, porque o evento foi cancelado.
"Eles invadiram a casa, pularam a janela, e fizeram minha filha de refém. Tive que descer para abrir para abrir o portão e eles [policiais] arrombaram e negociaram", contou.
Na casa estavam três crianças e três adultos. Após mais de duas horas de negociação, o suspeito, identificado como Ilmário Moreira Junior, se entregou. Um vídeo mostra o momento em que ele foi levado por policiais.
Por causa do crime, a região amanheceu cercada pela polícia. Da saída do Vale do Matatu até o final de linha de Cosme de Farias, 80 policiais reforçaram a segurança desde as primeiras horas desta segunda.
"Nós trouxemos um aporte ainda maior para região, não existe prazo para terminar, vamos dar resposta mais incisiva à marginalidade", disse o comandante da 58ª CIPM, major Paulo Sergio.
Policiais fizeram buscas por outros criminosos no Alto do Cruzeiro. No local, é possível ver casas e carros com marcas de tiro. O crime não afetou o comércio e o transporte na região, que funcionaram durante todo o dia.
Mortes de policiais em confrontos
Entre janeiro e setembro deste ano, 18 policias militares foram mortos na Bahia e desses, oito estavam em serviço, cinco de folga e cinco na reserva. De acordo com a Polícia Militar, o número de vítimas já é maior do que o registrado no ano passado, quando 13 foram mortos (um serviço e 12 de folga).
Antes de Mateus Grec, um outro policial militar foi morto no final de semana. Antônio Elias Matos da Silva, de 31 anos, que atuava na Rondesp Sul, foi atingido por um tiro durante confronto com homens armados em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia.
Antônio Elias foi enterrado no sábado (11), no município de Buerarema, que fica no sul do estado. A despedida foi marcada por um cortejo nas ruas da cidade. O policial tinha seis anos na corporação, era casado e deixou duas filhas e a esposa grávida.
Em entrevista à TV Bahia, o governador da Bahia, Rui Costa lamentou as mortes, e criticou a legislação brasileira no enfrentamento à criminalidade.
"Aqui no Brasil, a gente prende pessoas com fuzis e metralhadoras, com armamento pesado. Em poucos horas, dias ou semanas elas estão soltas. Então, é preciso mudar a lei. Eu não consigo entender que um criminoso, que tira a vida de outro ser humano, com 1/6 da pena já possa requerer algum grau de liberdade", disse o governador.
Fonte: G1
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