As equipes de resgate continuavam as buscas por sobreviventes entre os escombros de um prédio residencial próximo a Miami três dias depois de seu desabamento, que deixou cinco mortos e 156 desaparecidos, segundo o último balanço divulgado na noite deste sábado (26).

"Hoje, nossas equipes de busca e resgate encontraram outro corpo entre os escombros e, além disso, nossa busca revelou alguns restos humanos", disse a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, em uma coletiva de imprensa.

Com a identificação dos três corpos recuperados anteriormente, "significa que o número de desaparecidos diminuiu para 156, e as mortes confirmadas agora são de um total de cinco".

As operações de buscas têm sido dificultadas por um incêndio registrado no prédio de 12 andares, chamado Champlain Towers, que colapsou parcialmente na madrugada de quinta-feira.

Os bombeiros não conseguiram localizar o fogo do incêndio nesta região localizada em frente ao mar, ao norte de Miami Beach.

A fumaça se espalha pelos escombros, tornando inacessíveis algumas áreas de buscas, segundo a prefeita.

"Mantemos a esperança. Continuamos procurando sobreviventes entre os escombros, é nossa prioridade e nossas equipes não pararam" os trabalhos, assegurou neste sábado Levine Cava aos jornalistas.

Uma das vítimas foi identificada como Stacie Fang, mãe de um adolescente de 15 anos resgatado dos escombros. Segundo o Miami Herald, a mulher faleceu no hospital para onde foi levada.

Quase um terço dos desaparecidos é de estrangeiros: nove são argentinos, seis paraguaios - entre eles a irmã da primeira-dama daquele país - e pelo menos quatro são canadenses, segundo as autoridades.

As famílias, cada vez mais frustradas, demonstram impaciência e temem que o alto número de desaparecidos faça subir o de mortos.

72 horas

Alguns familiares das vítimas criticam as operações de resgate e começam a perder as esperanças.

"Nenhum socorrista tentou retirar os escombros, pouco a pouco, mesmo com as mãos, sem uma máquina, para retirar as pessoas", declarou na sexta-feira Maurice Wachsmann à AFP.

Seu melhor amigo e outro conhecido estão entre os desaparecidos.

"O amigo da minha mãe está lá (sob os escombros). Queremos ter esperança, mas temos que ser realistas. O passo seguinte é estar ao lado das famílias e averiguar porque isto aconteceu", disse Mark, de 55 anos, sem revelar seu sobrenome.

"Nossa experiência é que durante as primeiras 72 horas há muitas chances de que as pessoas continuem vivas lá dentro", disse à emissora CBS o bombeiro do condado de Miami-Dade Danny Cardeso.

Os socorristas, que ouvem barulhos vindos dos escombros mas não têm certeza de que sejam produzidos por pessoas, fizeram um túnel sob o estacionamento alagado do edifício para tentar chegar a possíveis sobreviventes.

Perto do local da catástrofe foi erguido um monumento com velas, flores e cerca de 40 fotos dos desaparecidos.

"Temos uma amiga que conseguiu escapar do prédio com seu marido", disse neste sábado à AFP Gina Berlin, de 54 anos, que mora na região desde 1992. "Ainda estou em choque e vim rezar pelos desaparecidos".

Danos estruturais

As dúvidas sobre as causas do colapso se multiplicaram nos últimos dias e a investigação provavelmente vai durar meses.

No entanto, um relatório de 2018 sobre as condições do prédio revelou "danos estruturais significativos" e "rachaduras" no subsolo, de acordo com documentos divulgados na noite de sexta-feira pelo governo da Surfside.

“A impermeabilização sob a borda da piscina e da via de acesso para veículos (...) ultrapassou sua vida útil e por isso deve ser totalmente removida e substituída”, destacou o especialista Frank Morabito, diretor da Morabito Consultores, em um relatório.

“A impermeabilização defeituosa causa danos estruturais significativos à laje de concreto estrutural abaixo dessas áreas”, acrescentou o documento.

"Se a impermeabilização não for substituída no futuro próximo, o grau de deterioração do concreto vai se expandir exponencialmente", destaca o estudo, que não mencionou o risco de desabamento embora recomende a realização de reparos para manter a "integridade estrutural".

Até agora, as atenções tinham se voltado especialmente para um relatório de 2020, que revelou que o edifício havia sofrido um afundamento a um nível de quase dois milímetros por ano entre 1993 e 1999.

No entanto, Shimon Wdowinski, um dos autores do estudo e professor da Universidade Internacional da Flórida (FIU), disse à emissora CNN que não sabia "se o colapso era previsível".

Fonte: AFP

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