“Muito calado”. Esse é um traço comum na descrição feita de Lázaro Barbosa em Barra do Mendes, cidade onde nasceu e onde cometeu o duplo homicídio que marcou uma comunidade rural, a 8 km da sede. O bucólico povoado de Melancia e a história do crime, em 2008, parecem não estar em sintonia. No entanto, a memória de quem conviveu com o jovem “introvertido” impede que os traços pouco usuais de Lázaro passem despercebidos.
“Lázaro brincava com meu filho e com outras crianças aqui da comunidade, mas sempre foi muito calado e introspectivo. O que me chamou atenção uma vez foi quando ele disse que tinha prazer em matar. Fiquei assustada, mas não levei a sério porque era só conversa de criança”, revelou uma vizinha, que conviveu com a versão mais jovem do hoje acusado também por quatro homicídios no Distrito Federal. Por medo, ela prefere não falar muito. A senhora ficou temerosa do que pode acontecer com o hoje escorregadio homem que foge das polícias da capital federal e de Goiás há quase 10 dias.
A lembrança de um garoto “muito calado” aparece também para o agricultor Jurandir Antunes, que conviveu com Lázaro e conhece a mãe dele, dona Eva. “O rapaz sempre foi bruto, mas muito calado”, reforça, numa espécie de filme em preto e branco de um passado que é ao mesmo tempo distante e tão presente. Ao empreender uma fuga cinematográfica, Lázaro voltou a ser assunto no povoado com cerca de 15 casas, bem espaçadas umas das outras. Foi ali que ele nasceu para o crime. Porém é um lugar em que ele não aparece há mais de 10 anos - o crime contra dois moradores da região, José Carlos Benício de Oliveira e Manoel Desidério Silva, aconteceu em novembro de 2008.
Jurandir ressalta que Lázaro tinha uma personalidade forte. Das poucas pessoas que aceitaram conversar com a reportagem sobre o criminoso famoso de Barra do Mendes, essa característica se sobressai junto à infância humilde e um histórico de divergência com os pais. “A mãe dele está assustada e quer que ele seja preso e pague pelos crimes que cometeu. Aqui em Melancia todo mundo tem medo dele voltar”, admite o agricultor. O povoado, distante de grandes centros urbanos, é cercado por matas e serras.
Por Nara Zanelli, de Barra do Mendes
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