A Anvisa publicou um documento em que faz um alerta para a importância da vigilância e do diagnóstico de coinfecção fúngicas em pacientes com Covid-19. Essa possibilidade e a gravidade já vem sendo alvo de estudos científicos que destacam que a pandemia criou condições ideais para aumento dos casos de fungos nos pacientes hospitalizados.
No fim do ano passado a Bahia registrou o primeiro caso de emergência do Candida auris. O superfungo fatal, resistente a medicamentos e responsável por infecções hospitalares foi identificado na UTI de um hospital de Salvador. Os casos registrados na Bahia foram descritos no Journal of Fungi por um grupo de pesquisadores do Laboratório Especial de Micologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os pesquisadores apontam que diversos fatores tornam os pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 alvos ideais para o superfungo, entre eles a internação prolongada; o uso de sondas vesicais e cateteres para acesso venoso central; uso de corticoides, que suprimem a resposta imune; e antibióticos, que desequilibram a microbiota intestinal.
Diante disso, a Anvisa publicou uma nota técnica na segunda-feira (14) em que chama a atenção para a vigilância, identificação, prevenção e controle de infecções fúngicas invasivas em pacientes com Covid-19 internados em unidades hospitalares.
O documento foi elaborado por especialistas da agência com colaboração do Ministério da Saúde, e ressalta a importância da vigilância e do diagnóstico de contaminação simultânea fúngica e do coronavírus. A nota chama atenção para a necessidade de tratamento precoce da infecção pelo fungo, a fim de prevenir o agravamento do quadro clínico ou a morte do paciente.
O Brasil e outros países do mundo estão em alerta após o surgimento dos primeiros casos de mucormicose em pacientes da Covid-19. Foram iniciadas pesquisas para o tratamento da doença, conhecida popularmente como “fungo negro”.
O documento da Anvisa destaca que o interesse na discussão do tema assumiu nova dimensão com o crescimento de casos de Covid-19 na Índia, onde cerca de 15 mil casos de mucormicose foram documentados até recentemente.
O Brasil registrou casos no Amazonas, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Mas a Anvisa ressalta que “não é esperado que a mucormicose assuma a mesma proporção no Brasil que a observada na Índia”. “Antes mesmo do advento da Covid-19, a Índia registrava taxas de incidência de mucormicose cerca de 70 vezes maior que o restante do globo”, sinalizou a agência na nota técnica.
A Anvisa também faz orientações para os laboratórios de microbiologia para a identificação de fungos e reforça a necessidade da adoção de medidas preventivas e recomenda o monitoramento dessas infecções por meio de ações de vigilância nos serviços.
A publicação também chama a atenção para a similaridade entre os sintomas de algumas doenças fúngicas com os da Covid-19, a exemplo da febre, tosse e falta de ar. Diante disso, reforça a necessidade de testes laboratoriais.
Por Jade Coelho / Bahia Notícias
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