Médicos especializados em obstetrícia afirmam que as mulheres grávidas com comorbidades devem tomar a vacina contra o coronavírus. Segundo eles, os riscos de as gestantes desenvolverem quadros graves de Covid-19 é maior do que o de eventuais efeitos colaterais causados pelos imunizantes, que, segundo eles, são raros.

Na segunda-feira (10), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou a suspensão da utilização de vacinas de Oxford/AstraZeneca em gestantes. A orientação foi dada depois que uma mulher morreu após receber o imunizante no Rio de Janeiro. A recomendação foi reiterada no dia seguinte pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Por esse motivo, os especialistas sugerem que, até que a investigação seja concluída, as gestantes evitem a vacina da AstraZeneca.

A médica Cecília Roteli Martins, presidente da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), afirma que, no caso das grávidas, a Covid é uma doença "extremamente grave" e que pode provocar trombose, colocando a mulher e o bebê em risco de morte.

"As gestantes com comorbidade devem continuar tomando as vacinas, mas dar preferência para as da Pfizer ou a Coronavac", diz. Segundo a médica, esses dois imunizantes já possuem dados mais concretos a respeito da segurança do uso em mulheres grávidas.

Cecília diz que, caso os estados e municípios voltem a aplicar a AstraZeneca em gestantes mesmo antes da conclusão das investigações sobre o caso do Rio, é indicado que a mulher procure seu médico antes de tomar a dose. "Se ela conversou com o médico que faz o acompanhamento e ele considerou que o risco de ela apegar Covid é maior do que o de eventual problema com AstraZeneca, ele vai fazer uma carta orientando nesse sentido. A vacina é extremamente segura e o risco é muito pequeno."

"Uma grávida que pega ônibus, que trabalha em hospital ou que tem alguém em casa que trabalha em hospital, está correndo um risco maior da doença do que de tomar a vacina e ter algum problema", destaca.

O médico Eduardo Cunha Fonseca, diretor da Sogimig (Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais), também recomenda que se evite a vacina da AstraZeneca, mas pondera que o risco de efeitos colaterais é raro. Segundo ele, a chance de problemas graves relacionados a trombose é na ordem de 1 para 100 mil.

Ele acrescenta que é importante "tranquilizar" as grávidas que já tomaram essa vacina. "Geralmente esse evento [adverso] ocorre poucos dias depois da primeira dose, de quatro a seis dias. Se a mulher não teve nada nesse período, dificilmente vai apresentar. Após a segunda dose, é mais difícil ainda", explica.

A representante da Febrasgo alerta que, após a imunização, as gestantes devem ficar atentas aos seguintes sintomas: tontura, dor de cabeça, visão turva e manchas na pele. Se houver esses sinais, é importante procurar atendimento médico.

As gestantes e puérperas com comorbidades acima de 18 anos terão três dias para procurar uma das 468 UBSs da capital para se vacinar, segundo disse nesta sexta-feira (14) o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido.

Esse grupo começará a ser imunizado na próxima segunda-feira (17) e terá até quarta (19) para ir até alguma UBS. O motivo de gestantes e puérperas terem um prazo para procurar o imunizante é que a vacina da Pfizer tem um prazo de validade para ser usada após aberta.

O objetivo é priorizar o atendimento a esse grupo as deslocando para a sala de vacinação assim que chegarem às unidades para que elas não fiquem na fila aguardando.

Por Fábio Munhoz | Folhapress

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