Pelo menos 20 municípios da Bahia sinalizaram o risco de falta do kit intubação em hospitais e centros de saúde para pacientes com Covid-19 na pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) na última sexta-feira deste mês. O número representa 27,8% dos 72 municípios envolvidos no levantamento semanal da CNM, respondido pelos prefeitos.

A entidade não divulga a lista dos participantes. O percentual indicado no último levantamento é superior ao encontrado na semana anterior (15/4), quando 23,7% dos 139 municípios participantes apontaram o risco de desabastecimento. Conforme a pesquisa mais recente, 571 municípios brasileiros sinalizaram iminência de falta dos produtos, enquanto 745 afirmaram ter enfrentado esse problema em algum momento deste ano.

Em Juazeiro (região Norte), quinto município mais populoso da Bahia, a diretora de assistência farmacêutica municipal, Renata Almeida, reconhece que atravessam um momento complicado. O fornecedor licitado para abastecer o Hospital de Campanha não tem feito entregas regulares, mas conseguiu alguns medicamentos substitutos. “Os médicos estão trabalhando com todas as alternativas que a gente possui”, ressalta.

Com um Centro de Enfrentamento ao Coronavírus e outras cinco unidades de pronto atendimento que podem necessitar do kit intubação, o município de Camaçari tem enfrentado dificuldade para comprar os produtos. Por meio de nota, a prefeitura informou que já não têm alguns itens no almoxarifado central, mas as unidades ainda dispõem dos medicamentos, mesmo que substitutos.

Diretor médico do Hospital de Campanha de Feira de Santana, Francisco Mota esclarece que a maior falta tem sido dos medicamentos mais usados, chamados de primeira linha, atualmente escassos em todo o país, mas que há disponibilidade de outras opções. “Esses medicamentos que estamos usando para substituir, não temos previsão de que faltem”, reforça.

Os sedativos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares para pacientes intubados também são necessários nas salas vermelhas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e policlínicas municipais, não só para pacientes com Covid-19.

Segundo Mota, a demanda nesses locais é bem menor e caso algum medicamento falte, certamente poderá ser cedido pelo Hospital de Campanha. No sexto município mais populoso do estado, Itabuna (região Sul), a secretária de saúde, Lívia Mendes Aguiar, informa que a demanda do Município é pequena, pois abastece apenas a UPA exclusiva para Covid-19 e não tiveram problemas para compra.

Nos hospitais de Base e de Campanha, onde leitos são oferecidos em convênio com a prefeitura, houve dificuldade para garantir abastecimento, mas as compras são responsabilidade dos gestores privados.

Em Salvador, a Secretaria Municipal da Saúde informou, por meio de nota, que não registrou falta de insumos e segue monitorando o estoque dos medicamentos. “O Ministério da Saúde está realizando a requisição administrativa destes medicamentos junto aos fabricantes e enviando para os municípios. A gestão municipal também tem empenhado esforços para compra dos produtos com utilização de recursos próprios”, completou a pasta.

Em ofício remetido pelo Ministério da Saúde (MS) aos secretários de saúde, na primeira quinzena de abril, a pasta reforça que o consumo está sendo monitorado nas unidades de saúde da rede pública, por meio da disponibilização de formulário para preenchimento semanal. No entanto, ao ser questionado sobre o tema, o MS não enviou detalhes do monitoramento.

De acordo com o informado pelo Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia, os formulários são remetidos diretamente ao Ministério e a instituição não tem dados sobre quantos e quais municípios teriam maior risco de falta do kit. Questionada sobre o risco de desabastecimento, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) garantiu que tem “conseguido manter um estoque regulador que atenda as unidades em, pelo menos, 15 dias, em virtude de aquisições realizadas pelo Governo da Bahia”.

A pasta cobra mais empenho do Governo Federal, “sob risco de colapso da rede nacional, sobretudo, atingindo os municípios e filantrópicos, que são as unidades mais vulneráveis às oscilações de preço”.Em coletiva do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, realizada na última quarta-feira, ele informou a realização de um pregão eletrônico internacional para aquisição dos medicamentos para intubação e o recebimento de um total de 1,5 milhão de produtos do kit até maio.

A Sesab informou ainda o recebimento de 102.600 mil ampolas de itens do kit intubação enviadas pelo MS no início da última semana, mas destacou que a quantidade de analgésicos e sedativos atende a demanda média total de quatro dias e os neurobloqueadores são suficientes para apenas dez dias. Os produtos foram enviados com rótulos e bulas em mandarim, mas acompanhados de “pequeno manual de orientações sobre administração e diluição em português”.

Fonte: A Tarde

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