Na primeira quinzena de março deste ano, 69% dos bares e restaurantes estão para fechar ou estão fechados na Bahia, conforme um levantamento feito pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

Essa pesquisa mostrou como a pandemia da Covid-19 afetou o comércio no estado. Representantes de bares, restaurantes e o comércio relataram como as medidas restritivas estabelecidas para evitar aglomeração e assim conter o avanço da Covid-19 na Bahia, atingiu os setores.

Mantida as circunstâncias que já estão colocadas até o dia 1º de abril, com toque de recolher às 20h com e a possibilidade funcionamento até as 18h, fora as medidas do lockdown, já nos colocam em numa sentença de morte. A gente precisa reverter isso imediatamente para conseguir que o setor tenha sobrevivência, porque isso atinge diretamente cerca de 57 mil empreendedores na Bahia e algo em torno de 280 mil colaboradores, relata Luiz Henrique do Amaral, presidente executivo da Abrasel.

Ainda segundo a Abrasel, entre os bares e restaurantes pesquisados, 44,1% não sabem como vão continuar abertos. Além disso, 77% das empresas pesquisadas não possuem recursos para pagamentos dos salários. A pesquisa revela também que 87,8% dos bares e restaurantes demitiram funcionários.

O presidente executivo da Abrasel esclarece que a situação do setor ainda levará algum tempo para alcançar resultados positivos.

“Um endividamento muito grande e isso não se recompõe em curto prazo. Mesmo com retomada e perspectiva de horizonte, a gente enxerga que algo de três a quatro anos para conseguir retomar e equilibrar o negócio”, explica Luiz Henrique.

Além do desemprego e prejuízos financeiros, o sócio de um bar da cena independente de Salvador, Vynce Athayde, conta que o fechamento de espaços também vai influenciar na cultura e no turismo da cidade. O estabelecimento, um espaço conhecido na capital, teve de ser fechado.

A ausência de espaços e palcos permanentes vai ser destruidor para o setor da cultura. Vai causar um impacto não só na questão do emprego, mas como na questão do turismo e na questão cultural. O artista não vai ter pode se apresentar e isso vai gerar um evento em cadeia, disse Vynce.

Comércio varejista

Além dos bares e restaurantes, o comércio não essencial também registra fechamento e quedas nas vendas. A microempresária Wanessa Gualberto tinha uma loja de semi joias no bairro Boca do Rio, em Salvador, mas precisou fechar o comércio, por causa da crise econômica. Duas funcionárias foram demitidas.

Em 2019 a economia já vinha balançando, mas com o início da pandemia, as coisas pioraram bastante. Nós comerciantes entendemos a situação do agravamento da doença, mas também não recebemos solidariedade por parte dos nossos governantes para que a gente continuasse de portas abertas, conta.

No ano passado, mais de 4,1 mil lojas do comércio varejista encerraram as atividades na Bahia, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Carlos Andrade, de 1º a 15 de março, cerca de 10 mil postos de trabalho foram fechados nos shoppings de Salvador.

"Nós fizemos um levantamento nesta semana. Só nos oito ou 10 shoppings da cidade de Salvador, os shoppings maiores, nós temos aí mais de 10 mil empregos. Isso é um número que nos assusta", disse.

Assim como para o setor de bares e restaurantes, mesmo com a retomada da economia, após a desaceleração da pandemia, a Fecomércio-BA estima que a retomada do comércio pode levar cerca de um ano e meio.

“No mínimo de um ano a um ano e meio para a gente voltar a ter os números de 2019”, conclui Carlos.

Fonte: G1

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