Com as redes pública e privada de Feira de Santana praticamente na capacidade máxima de atender pacientes com Covid-19, autoridades do município alertam também para a escassez de oxigênio e medicamentos do chamado "kit intubação".

"Oxigênio está começando a faltar em vários lugares [do país]. O que nós assistimos em Manaus começa a se espalhar por outras unidades. Fizemos o levantamento de Feira. A situação ainda não é muito grave, mas o alerta amarelo já está aceso. As unidades já começam a consumir uma quantidade de oxigênio muito maior do que o normal", afirmou ontem, em coletiva, o secretário municipal de Saúde, Marcelo Britto.

O prefeito Colbert Martins destacou que a falta de anticoagulantes e relaxantes musculares é um problema nacional. "É uma questão de estoque. Se gastou uma quantidade grande desses insumos médicos para coagulação e relaxantes musculares no mundo inteiro. O Brasil está comprando novos estoques. Essas empresas são multinacionais, não são brasileiras", declarou o gestor municipal.

Os relaxantes musculares específicos são usados quando é necessário intubar pacientes. São medicamentos vendidos exclusivamente para hospitais. "Não tem sentido requerer à Sesab ou ao ministério, que já informaram que não têm para as suas redes. O Brasil está buscando a importação, mas o problema é que o mundo todo pede esses medicamentos. Multinacionais que concorrem entre si autorizaram que seus concorrentes também produzissem, quebrando até o sigilo da patente", reforçou Britto, ao relatar a dificuldade para conseguir repor os estoques.

Com 100% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados, o Hospital de Campanha de Feira de Santana já não tem alguns medicamentos necessários à intubação e o estoque de outros deve acabar na próxima semana, afirma o diretor médico da unidade, Francisco Mota. Segundo o médico, ontem foi realizada uma reunião para definir a compra de outras medicações para substituir as drogas em falta.

O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, nega risco de desabastecimento de oxigênio na rede estadual, na qual o consumo do gás é monitorado diariamente. No entanto, o titular da Sesab alerta para dificuldades de ressuprimento em hospitais de menor porte e pronto atendimento abertos por dezenas de municípios. "Não é pela falta do insumo, O2. A dificuldade é ter cilindros para garantir a logística de ressuprimento pelos fornecedores", afirma.

Vilas-Boas diz que há um esforço do Estado para ajudar a buscar cilindros em todo o estado e redirecionar para esses municípios. Além disso, acrescenta o secretário, há um plano de abrir usinas de oxigênio para reabastecer cilindros no interior.

Segundo a secretaria, os fornecedores contratados "tem condições de dobrar a produção caso seja necessário, não havendo risco de faltar oxigênio" na rede estadual. Além disso, há "elevada capacidade de armazenagem nos hospitais, pois utilizamos tanques ao invés de cilindros", destaca a pasta.

Brasil - Em audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 do Senado, o diretor de Logística do Ministério da Saúde, general Ridauto Fernandes, afirmou que há risco de desabastecimento de oxigênio nos municípios menores do país. “O cenário atual é perigoso, podendo levar ao desabastecimento de oxigênio medicinal na ponta, especialmente em pequenos hospitais e municípios do interior”, declarou.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, também reconheceu o risco de faltar oxigênio em hospitais do estado. "Existe sim o risco de desabastecimento em alguns hospitais. Mas nós já tomamos todas as medidas que esse abastecimento seja regularizado o quanto antes. Temos um baixo nível de estoque. Mas ainda não chegou a faltar", disse Zema, em entrevista à CBN.

Com o abastecimento normalizado após um colapso em janeiro, o Amazonas começou a doar cilindros recebidos para outros estados, como o Paraná.

Fonte: A Tarde

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