Entre transmissões ao vivo, publicação de vídeo e exibição em telão, a Cia. Sarau das Seis se reinventou em uma temporada teatral adaptada ao momento de pandemia, realizando uma série de atividades gratuitas em Jacobina. O projeto 'Regressiando' marca o retorno da companhia para sua terra natal com apresentações do seu espetáculo mais recente, o 'Rua dos Encantados', que ocupou espaços na cidade desde a quinta (11) e encerrou com uma atividade especial ontem (14), na sede do Quilombo Urbano Atabaque.
Conhecido como Quilombo Erê, a comunidade recebeu um telão para assistir o espetáculo e os moradores participaram de um bate-papo com o elenco, trocando experiências sobre arte na periferia e questões sociais. “Acho extremamente importante o projeto se estender para bairros periféricos, porque ele descentraliza o acesso à Cultura que é extremamente importante. Achei tudo muito encantador, abordando temas que são extremamente pesados, porém, com alívios cômicos, a gente consegue assistir a peça aliviado”, disse a estudante e artesã Ianna Bomfim.
A professora Juliana de Sena também assistiu a transmissão no telão do quilombo urbano e contou que ficou emocionada com as histórias dos personagens. “Eu me arrepiei em vários momentos. Gostei mesmo de quando você entendia qual era o tema, especialmente por ser mulher, quando ela falou que a cada onze minutos uma mulher é morta, quando a outra fala do povo preto sendo morto, eu me arrepiava naqueles momentos”, disse.
E, para o professor Joedson Alves, assistir a apresentação de forma virtual foi uma experiência diferente, mas que não diminuiu a importância da ação na comunidade. “Foi muito interessante a ideia de trazer isso aqui pra Bananeira, principalmente por ser um bairro quilombola e o espetáculo tratar de assuntos referentes à racismo, preconceito e discriminação. É interessante que esses temas saiam do meio acadêmico e venha até o povo mesmo, venha nas periferias e com essa linguagem para falar de uma forma mais simples pra todo mundo”, pontuou.
O projeto, além de ser um retorno da companhia para Jacobina-BA, também marca sua volta para os palcos após tanto tempo sem atividades por conta da pandemia. Para a atriz Lua Mandala, esse momento foi “um presente, porque esse é o nosso lugar, é o meu lugar, o Teatro faz parte da minha vida”. “Mesmo a gente estando ali, apresentando de corpo presente, esse novo formato onde as pessoas não vão estar com a gente é desafiador. Mas, foi um desafio gostoso. Foi um momento de realização, estar voltando pra minha cidade, trazendo esse espetáculo que é tão simbólico pra gente, um regresso para nossa cidade, um regresso pras ruas”, comentou a artista.
O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Mais informações sobre o projeto e a companhia podem ser acessadas através das redes sociais:
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