Mais de 24 horas após o acidente de ônibus que matou quatro pessoas na BR-135, em Barreiras, oeste da Bahia, as vítimas ainda não foram identificadas. De acordo com o Departamento de Polícia Técnica (DPT) da cidade, a empresa Valdo Turismo, responsável pelo coletivo, ainda não ofereceu a lista de passageiros.
O DPT da cidade detalhou que, por enquanto, sem a lista de passageiros não é possível fazer a identificação para que o Instituto Médico Legal (IML) possa liberar os corpos das vítimas para as famílias fazerem os sepultamentos.
Neste sábado (16), o G1 novamente tentou contato com a empresa pelos números disponibilizados no site e nas redes sociais da companhia, mas não conseguiu falar.
O acidente aconteceu por volta das 3h, na madrugada de sexta-feira (15), e foi registrado por câmeras de segurança. As vítimas são dois homens, uma mulher e uma criança. Outras 21 pessoas ficaram feridas.
Dois do feridos, com ferimentos mais leves, foram socorridos para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e tiveram alta no mesmo dia. Já as outras 19 pessoas foram levadas para o Hospital Geral do Oeste.
Ainda na sexta-feira, sete dessas 19 pessoas tiveram alta e outras 12 aguardavam por exames e cirurgias. Neste sábado, não há atualizações sobre os estados de saúde dos que permanecem na unidade médica.
A empresa Valdo Turismo é uma de Maceió (AL). Segundo os passageiros, o ônibus era clandestino. Essa informação, no entanto, ainda não foi confirmada pela polícia. O coletivo havia saído de Valença (PI), em direção a São Paulo (SP).
O acidente aconteceu no km 172,9 da BR-135. As imagens gravadas pela câmera são impressionantes. No vídeo é possível ver que chovia no momento do acidente. As câmeras não chegam a mostrar o momento exato em que o veículo tomba, mas é possível ver quando ele desliza por muitos metros, depois de virar na pista.
Na gravação também é possível ver pessoas saindo do veículo logo após o acidente. De acordo com o horário marcado pela câmera de segurança, o caso aconteceu pouco antes das 3h.
A principal suspeita é de que o motorista principal tenha dormido ao volante. O motorista reserva descansava no momento do acidente.
Ainda não há informações de quantas pessoas estavam no ônibus, no entanto, alguns passageiros disseram que o coletivo estava cheio. Um deles é o Júlio Ferreira dos Santos, que estava com a esposa e o filho no veículo.
“O ônibus estava lotado. Eu estava acordado na hora do acidente. Só vi quando ele bambeou, aí eu gritei logo. Um companheiro que estava sentado mais à frente gritou também, aí se apavorou todo mundo. Eu tô achando que ele [motorista] cochilou. O outro [motorista reserva] vinha dormindo. A pista estava muito molhada também. Tava chovendo ainda, fininho. Foi um barulho danado. Menino chorava, gente gritava. Eu mesmo gritei muito. Muita gente pedindo socorro", disse ele.
Júlio estava no ônibus junto com a esposa e o filho. O garoto, que tem necessidades especiais, precisou ser hospitalizado, mas o estado de saúde dele não é grave.
“Eles [esposa e filho] estão passando bem, graças a Deus. A informação aqui é de que ele [filho] está passando bem. Ele foi levado para o hospital, para o pronto-socorro. A enfermeira veio aqui, fez curativo na gente e em outros que também estavam aqui feridos. Teve gente grave, muito grave mesmo", disse.
Uma mulher, que conversou com a equipe da TV Oeste, também relatou que o coletivo estava cheio. Um dos filhos dela também precisou ser hospitalizado e é um dos feridos que está na UPA, com estado de saúde sem gravidade.
“Eu não lembro de nada. Eu estava com meus filhos e só pensei neles. Depois que caiu a ficha, que eu comecei a chorar, mas eu não lembro. Só lembro que eu vi corpo pelo chão. Mas o resto eu não lembro. Eu estava dormindo. Foi um chororô só. Um gritava, outro chorava. Minha preocupação maior foi com os meus filhos e meu sobrinho que estava dentro. Tanto que eu gritei por essa e ela estava bem. Eu olhei para trás e meu outro filho também estava bem. Bateu a cabeça, mas está bem. Está na UPA”, contou ela.
A irmã de um dos passageiros, que está internado no Hospital do Oeste, relatou sobre o momento em que recebeu as informações do acidente. Segundo Glória Moura, a maioria das pessoas no veículo são da mesma cidade.
“Me ligaram às 4h da manhã, falando que tinha acontecido um acidente com eles, daí eu vim de imediato aqui para Barreiras. Chegando aqui, eu não pude ver ele, meu irmão, nem os outros passageiros, porque alguns são conterrâneos. Mas sei que ele está lá dentro, quebrou o braço. Ele é o mais estável, os outros estão bem piores. Ele vai passar por uma cirurgia agora e só vou poder ver ele depois da cirurgia”, contou.
Glória e o irmão que ficou ferido no acidente são de Piauí. Eles estavam no estado em visita aos familiares.
“Eu estava em Luís Eduardo Magalhães, cheguei de lá do Piauí anteontem [quarta, 13]. Ele saiu ontem [quinta, 14] e aconteceu essa fatalidade. A gente estava junto lá no Piauí, fomos passar férias com a família, e ele estava voltando para São Paulo. Eu moro em Luís Eduardo Magalhães. Eu estou muito aflita, muito agoniada, nervosa. Muito triste com tudo o que aconteceu, porque são todos conterrâneos. Quase todos da mesma cidade”.
Fonte: G1
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