Uma menina de cinco anos morreu após ser picada por um escorpião, na zona rural de Tremedal, no sudoeste da Bahia. Bianca Oliveira Silva chegou a ser socorrida para o Hospital Municipal Adelmário Pinheiro, depois foi transferida para o Hospital de Base em Vitória da Conquista, mas não resistiu.

A prima da menina, Natalice Pereira de Amorim, que trabalha como agente de saúde em Tremedal, contou que o acidente aconteceu por volta de 22h da terça-feira (1º), quando a mãe da criança, Fernanda Oliveira Silva, estava preparando a menina para dormir. O escorpião picou a criança e depois a mãe.

"A criança dormia numa cama no mesmo quarto que os pais. Na hora de dormir, ela começou a reclamar que estava com dor de barriga. Quando levava a menina para o banheiro, a mãe sentiu uma leve picada e percebeu um escorpião. Foi quando viu que Bianca estava com duas picadas, uma na barriga e outra na mão", conta.

Logo em seguida, a família foi ao Hospital Municipal Adelmário Pinheiro, em Tremedal. Lá, a criança foi atendida, mas o quadro não se estabilizou e Bianca teve que ser transferida para Hospital de Base, em Vitória da Conquista (HB-VCA), onde não resistiu e morreu na quarta-feira (2).

"Bianca era filha única do casal. Era uma menina muito esperta para a idade dela. Os pais estão arrasados com a perda", lamentou Natalice.

O sepultamento de Bianca aconteceu na zona rural de Tremedal, na quarta-feira (2).

Praga urbana

De acordoo com a bióloga Rejâne Lira, professora titular do Instituto de Biologia e coordenadora do Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (Noap), ligado ao Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), acidentes com escorpiões são sempre mais graves em crianças abaixo de 7 anos, por isso, a mãe da criança, que também foi picada, não apresentou sintomas.

"Os adultos tendem a ter acidentes leves, apenas com dor local. O veneno de um animal não "acaba" porque o ferrão tem 2 glândulas e a produção do veneno é praticamente contínua", explica.

Ainda segundo a professora, escorpiões são considerados uma praga urbana que não é devidamente tratada pelo poder público no Brasil.

"Infelizmente, não existem políticas públicas para o enfrentamento do escorpionismo na maioria das cidades brasileiras, que deveriam, mas não possuem programas de prevenção e controle dos acidentes por animais peçonhentos", diz.

Ela explica ainda que há muita desinformação da população, que muitas vezes nem sabe onde procurar socorro em caso de um acidente com esses animais. "Pessoas devem ligar para o SAMU e/ou os Bombeiros. Também há o Centro de Informação Toxicofarmacológica (CIAVE), que funciona 24h e pode orientar um hospital próximo que tenha o Soro Antiveneno", disse a bióloga.

Por último, a especialista alerta para o fato que não há remédios comprovadamente eficazes que podem ser utilizados pela pessoas para matar escorpiões. "De acordo com o Ministério da Saúde, não se pode utilizar nenhuma substância para o combate ao escorpião, porque não há comprovação de eficácia e muitas vezes se vende por aí produtos tóxicos para o ser humano", reforça.

Cuidados

  • Manter limpos quintais, jardins, sótãos, garagens e depósitos, evitando acúmulo de folhas secas, lixo e demais materiais como entulho, telhas, tijolos, madeiras e lenha;
  • Ao manusear materiais de construção, usar luvas de raspa de couro e calçados, pois nestes materiais podem estar abrigados escorpiões;
  • Rebocar paredes e muros para que não apresentem vãos e frestas;
  • Vedar soleiras de portas com rolos de areia;
  • Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
  • Acondicionar o lixo em recipientes fechados para evitar baratas e outros insetos, que servem de alimento à escorpiões;
  • Realizar roçagem de terrenos;
  • Manter berços e camas afastados das paredes;
  • Examinar calçados, roupas e toalhas antes de usá-los.

Fonte: G1

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