O ministro Paulo Guedes (Economia) disse nesta sexta-feira (13) que o país está oficialmente saindo da recessão e que sinais disso podem ser vistos no mercado de trabalho. Ele afirmou, por outro lado, que o ritmo de crescimento do emprego observado nos últimos três meses não deve continuar.
"É um fato que o Brasil está saindo da recessão. Criamos 300 mil empregos em setembro. Foram 100 mil em julho, 200 mil em agosto e 300 mil em setembro. O ritmo está tão forte que talvez seja difícil manter", afirmou em evento virtual promovido pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Em outro momento, Guedes voltou ao tema. "O Brasil está voltando com força, acelerando o ritmo de criação de empregos. Nem acredito que isso seja sustentável. Não acredito que vamos criar 500 mil, 600 mil a cada mês. Mas se mantivermos esse ritmo, já é fortíssimo", disse.
Guedes faz referência aos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), colhidos pelo Ministério da Economia e que medem apenas o emprego formal.
Depois do fechamento líquido (contratações menos desligamentos) de vagas em março, abril, maio e junho, houve abertura de 139 mil postos em julho, 244 mil em agosto e 313 mil em setembro.
No ano, o saldo do Caged um resultado líquido negativo de 558 mil. Tradicionalmente, os últimos meses do ano (com o fim do período das encomendas para o Natal) têm fechamento líquido de vagas.
Guedes voltou a defender que a situação está em situação melhor do que o observado e 2015, no fim do governo de Dilma Rousseff, e em 2016, início da gestão Michel Temer.
Em 2015, foram 729 mil empregos perdidos até setembro na medição do Caged. Em 2016, houve uma perda de 683 mil postos no mesmo período.
Mas dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que são mais amplos por englobarem também o mercado informal, enfraquecem o discurso e mostram que a situação do mercado de trabalho está pior em 2020.
A taxa de desocupação no Brasil foi de 13,8%, no trimestre encerrado em julho de 2020 (mais recente, pela Pnad Contínua). Em 2016, foi de 11,3% em julho e 12% outubro. Em 2015, foi de 8,3% e 9%, respectivamente.
Técnicos do IBGE e do Ministério da Economia veem um aumento na taxa agora e em 2021, com a volta das atividades e a maior procura por trabalho (a metodologia considera desocupado quem procurou oportunidades e não encontrou).
De qualquer forma, Guedes comemorou indicadores que apontam recuperação, dizendo que a doença está caindo, a vacina chegando e a economia voltando. "Recebemos hoje a notícia que o Brasil está oficialmente saindo da recessão", afirmou.
Mais cedo, o indicador IBC-Br do Banco Central (espécie de prévia do PIB, o Produto Interno Bruto) mostrou que, em setembro, houve alta de 1,29% em relação a agosto.
No terceiro trimestre, o índice teve alta de 9,47%, na comparação com o segundo, que teve o pior desempenho desde o início da pandemia -a queda na atividade chegou a dois dígitos e foi de 10,94% em relação ao primeiro trimestre do ano.
A atividade econômica encolheu 4,93% no acumulado do ano até setembro, segundo o indicador. Economistas calculam uma retração de 4,8% para o PIB neste ano, de acordo com o mais recente boletim Focus.
O ministro voltou a comentar o auxílio emergencial, dizendo que ele acaba em 31 de dezembro. Depois disso, afirmou, os mais vulneráveis vão voltar para o Bolsa Família.
"Fizemos nosso programa de auxílio emergencial que acaba em 31 de dezembro e voltaremos para o Bolsa Família", disse. "E o Renda Brasil ou Renda Cidadã está no programa do presidente, foi elaborado dentro das melhores práticas da OCDE, do Banco Mundial, é um produto revolucionário. Se for possível consolidar alguns programas no Renda Brasil, ótimo. Mas não haverá populismo", afirmou.
Conforme mostrou a Folha na quarta-feira (11), a indecisão sobre o programa levou o governo a reconhcer encerrar o ano sem um novo programa social. A alternativa passou a ser uma expansão limitada do Bolsa Família.
A criação de um programa social mais amplo, ideia original de membros do Executivo, ficou para mais adiante. Guedes já falou que isso será tratado em um horizonte mais amplo, "neste governo".
O ministro defendeu o teto de gastos e disse que o rompimento da norma "tem tido algum apelo político". "Tem sempre, né? É a história dos últimos 40 anos no Brasil. Esses governos permitiram a expansão descontrolada dos gastos públicos", disse.
"O câmbio vai descer assim que voltarem em massa os investimentos externos, aí é a garantia de que o Brasil finalmente retomou o crescimento doméstico", disse.
Folhapress
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