O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse estar “bastante frustrado” por não ter conseguido vender nenhuma estatal em quase dois anos de governo do presidente Jair Bolsonaro. Sem dar detalhes, Guedes afirmou que acordos com a Câmara dos Deputados e com o Senado impedem o avanço da agenda de privatizações, uma das bandeiras do governo de Bolsonaro. “Estou bastante frustrado de estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido vender nenhuma estatal. É bastante frustrante”, afirmou na abertura do evento “Boas práticas e desafios para a implementação de política de desestatização do governo federal”, da Controladoria-Geral da União (CGU).
Em um outro evento, o ministro prometeu que até dezembro de 2021 quatro empresas estatais já deverão estar privatizadas: Correios, Porto de Santos, Eletrobras e PPSA, que administra o sistema de partilha de petróleo. “Até dezembro, essas quatro devem estar feitas. E muitas outras. Esse é o ponto de partida. Estamos propondo isso para o Congresso nos próximos 30 a 60 dias”, disse. Guedes ressaltou que não gosta de fazer previsões, porque as pessoas dizem que ele promete, mas não entrega. “Há guerra política no Brasil, nós entregamos, mas a oposição diz que não. Tínhamos acordo para privatização dessas quatro empresas, mas um acordo político impediu. Fomos ingênuos ao anunciar privatizações, quando já havia outro acordo político”, criticou, citando avanços do governo no acordo Mercosul com a União Europeia e a aprovação da reforma da previdência, por exemplo.
Segundo Guedes, se houver sucesso na venda dessas quatro empresas, o Brasil pode recuperar dois terços do que foi gasto para combater os efeitos da pandemia de coronavírus, de cerca de R$ 800 bilhões, em um ano e meio. “Eu não acredito que seremos bem sucedidos em vender tudo, é só para te dar ideia do montante. Por outro lado, acredito que vamos vender muitas outras companhias. Esse é só o primeiro movimento”, afirmou. Sobre uma eventual segunda onda de contágio do novo coronavírus no Brasil, Paulo Guedes afirmou que o governo não usará a doença para cometer irresponsabilidades. “Quem gastou 8% do PIB pode gastar 12% do PIB. Podemos gastar um pouco mais. Uma coisa é se vier uma segunda onda, seremos igualmente decisivos. Mas não vamos nos mover se a doença for embora. As pessoas entendem isso”, avaliou.
*Com Estadão Conteúdo
Jovem Pan
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