Jovens saudáveis podem ter que esperar até 2022 para serem vacinados contra o novo coronavírus, afirmou a OMS nesta quarta (15).
Segundo a cientista-chefe da organização, Soumya Swaminathan, profissionais de saúde, idosos e trabalhadores que lidam com o público mais suscetíveis devem ser os primeiros a serem imunizados quando uma vacina viável estiver disponível.
"As pessoas tendem a pensar que no dia primeiro de janeiro vão tomar a vacina e tudo vai voltar ao normal. Não vai funcionar assim", afirmou em uma sessão de respostas a perguntas do público.
Swaminathan estima que vacinas comprovadamente seguras e eficazes contra Covid-19 podem estar disponíveis no próximo ano, mas ainda não em quantidade suficiente para toda a população.
"Haverá muitas orientações saindo, mas acho que uma pessoa comum, um jovem saudável, pode ter que esperar até 2022 para receber a vacina", disse ela.
Em entrevista recente, a OMS afirmou que pode aprovar vacinas que comprovarem 50% de eficácia na imunização contra o coronavírus. No momento, ainda não há produtos chancelados pela organização.
Mais de dez vacinas estão na fase final de experimentos clínicos, feitos para determinar se são capazes de imunizar e se não provocam efeitos colaterais graves.
Recentemente, o Sage (grupo de especialistas em imunização da OMS) publicou recomendações (no original) sobre como priorizar a distribuição de vacinas entre diferentes grupos de pessoas.
A cientista-chefe disse que, conforme forem sendo aprovadas vacinas, haverá novas orientações.
"A maioria concorda que se deve começar com profissionais de saúde e trabalhadores de linha de frente, mas é preciso definir quais deles estão em maior risco".
"Precisamos ter certeza de que vacinamos aqueles que estão em maior risco em todos os países antes de vacinarmos todos em alguns países", afirmou a líder técnica da OMS Maria van Kerkhove, na mesma sessão de respostas.
A OMS voltou a alertar que o fato de que as curvas de mortes por Covid-19 não tenham subido tanto quanto a de novos casos, não se deve baixar a guarda contra a transmissão. "O aumento da mortalidade sempre vem algumas semanas depois do aumento dos casos", disse Swaminathan.
Mesmo quando não provoca mortes, a infecção por coronavírus pode deixar sequelas de longo prazo, ainda não totalmente conhecidas. Há pesquisas sobre danos cardíacos, pulmonares e neurológicos e, nesta semana, o Reino Unido registrou um caso de perda irreversível de audição.
Van Kerkhove enfatizou que mesmo sem uma vacina, já há ferramentas comprovadas para impedir a disseminação do coronavírus, como usar máscaras, evitar multidões e lavar as mãos com frequência.
Folhapress
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