As doenças cardiovasculares continuam liderando as estatísticas de morbimortalidade no mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde (2019), 300 mil indivíduos sofrem Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) por ano, com óbitos em 30% dos casos.


No entanto, com a pandemia, a redução da busca por atendimento diminuiu a ocorrência dentro dos hospitais e fez dobrar no mundo o número de paradas cardíacas fora das unidades de saúde.


Diretor Médico e de Qualidade do Hospital Cárdio Pulmonar, o cardiologista Eduardo Darzé faz um alerta para a população, diante da proximidade do Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro. Ele cita o exemplo de um estudo feito na região da Lombardia (Itália) e publicado no The New England Journal of Medicine.


“Em 40 dias, 362 casos de parada cardíaca fora do hospital foram identificados, em comparação com 229 casos no mesmo período em 2019, o que representa um aumento de 58%”, compara, lembrando que esse cenário internacional também é retratado pelos médicos brasileiros.


O cardiologista também faz referência ao artigo intitulado “Para onde foram todos os ataques cardíacos?”, publicado no The New York Times em abril deste ano e escrito por um professor de medicina em Yale (EUA). O texto já apontava para a redução na admissão de pacientes com eventos cardiovasculares nos hospitais.


Nos Estados Unidos, o volume de hospitalizações diárias por doenças cardiovasculares agudas numa determinada região foi semelhante em janeiro e fevereiro de 2020 em comparação com 2019. “No entanto, o documento mostra que houve um declínio significativo de 43% em março de 2020 em comparação com 2019”, diz Darzé, citando o estudo feito pela rede de hospitais Mass General Brigham, com sede em Massachusetts (EUA), e publicado no Journal of The American College of Cardiology em julho de 2020.


“Apesar desse cenário, mesmo durante a pandemia os pacientes devem estar atentos aos cuidados para doenças potencialmente fatais, mas tratáveis, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), que têm no tempo um fator decisivo para melhor desfecho”, orienta o cardiologista Eduardo Darzé, reafirmando a necessidade de atenção aos fatores de risco, como hipertensão, obesidade, diabetes, dislipidemia (níveis elevados de gordura no sangue), histórico familiar, estresse, tabagismo, obesidade e sedentarismo, entre outros.


Protocolos de segurança

Como forma de garantir ao paciente a segurança para que mantenha os acompanhamentos médicos necessários, as unidades de saúde adotaram novos protocolos de segurança, o que envolve cuidados com os pacientes e com os integrantes. “No nosso caso, podemos dividir em dois grandes grupos de ações. O primeiro envolve a capacidade de separar completamente o atendimento dos pacientes com Covid-19 daqueles com as demais patologias. Os fluxos são totalmente diferenciados, incluindo recepção, sala de espera, consultórios, UTIs, equipes e equipamentos para exames”, enumera Eduardo Darzé.


O controle de pessoas potencialmente infectantes que circulam nas unidades hospitalares, tanto de forma eletiva quanto em atendimentos na emergência, é o outro aspecto: “A triagem começa na entrada para todos, sejam pacientes ou integrantes. Caso o paciente da emergência necessite de internamento, antes ele é submetido a teste com resultado em até 45 minutos e tem o direcionamento adequado para uma unidade Covid ou não-Covid”, diz, acrescentando que pacientes que farão cirurgias eletivas também passam pelo teste (PCR) dois a três dias antes do procedimento.


No caso dos funcionários, o Hospital Cárdio Pulmonar também desenvolveu um aplicativo específico para monitorar diariamente e de forma mais ampla as condições de saúde de cada um. “Com o auxílio da ferramenta digital, o integrante recebe o chamado passaporte verde para ter acesso ao trabalho. Caso apresente sintoma sugestivo para infecção respiratória, fica impedido de entrar e é imediatamente direcionado para avaliação pelo setor de medicina do trabalho”, observa.


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