O isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus causou uma série de mudanças no cotidiano das pessoas. Em seis meses, os hábitos alimentares, a prática de atividades físicas e o convívio social foram alterados. Uma das consequências do novo estilo de vida pode ser observado na saúde reprodutiva, com prejuízos principalmente para a fertilidade masculina.

Segundo o médico urologista Fábio Firmbach Pasqualotto, da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), os excessos devem ser evitados por aqueles que querem aumentar a família. Obesidade, sedentarismo, estresse, alcoolismo e tabagismo sãos fatores com potencial de prejudicar a qualidade dos espermatozoides.

“Quando a gente pensa sobre a influência do estilo de vida na qualidade dos espermatozoides do ser humano, sem dúvida nenhuma, ela pode afetar a qualidade do sêmen”, afirma Pasqualotto.

Estresse
O estresse atrapalha na produção de testosterona, repercutindo negativamente na quantidade de espermatozoides e na piora da libido – além de reduzir a frequência de relações sexuais, ela afeta o volume do ejaculado e a taxa de gravidez.

Falta de atividade física
O sedentarismo diminui a produção de testosterona de maneira semelhante ao estresse. Em doses moderadas, os exercícios físicos aumentam a oxigenação tecidual, levando à melhora na qualidade dos espermatozoides.

“A prática do exercício físico diminui a quantidade de gordura e faz com que o homem tenha aumento na produção de testosterona. Além de aumentar a quantidade de oxigênio das células e melhorar a qualidade dos espermatozoides”.

Excesso de peso e alimentação desequilibrada
O excesso de peso interfere na produção hormonal: o hormônio masculino (testosterona) passa por uma transformação periférica e vira feminino (estradiol), principalmente em homens obesos.

Ele também prejudica a produção de espermatozoides (quantidade, mobilidade e qualidade) e provoca a diminuição da qualidade do esperma. “Como consequência disso, observa-se um importante impacto na libido e na qualidade de vida de indivíduos obesos”.

Falta de check-up
A realização de exames de rotina previne doenças e contribui para o diagnóstico de distúrbios que interferem na fertilidade, como a varicocele, que afeta o número e a qualidade dos espermatozoides.

Segundo o urologista, ela está presente em até 20% da população masculina, mas até 40% dos casos de infertilidade masculina podem estar relacionadas à doença. “A origem do problema diz respeito mais provavelmente a um aumento na temperatura dos testículos ou alterações nos espermatozoides devido ao estresse oxidativo”, pondera.

Excesso de bebida alcoólica, cigarro e drogas
O consumo regular de álcool e o tabagismo afetam a qualidade dos espermatozoides e diminuem a quantidade e movimentação dos gametas masculinos, reduzindo as chances de penetração e fertilização do óvulo. Além disso, convém ressaltar que o álcool em excesso é prejudicial à saúde e, quando ingerido de forma crônica, provocar alterações hormonais por problemas hepáticos.

As drogas recreativas, como a maconha e a cocaína, também têm potencial para afetar a qualidade dos espermatozoides. Em todos os casos, o médico lembra que as substâncias consumidas em excesso prejudicam a ereção do homem durante a relação sexual e reduzem as chances de fertilização.

A melhora da qualidade de vida por si só ajuda na reversão de problemas de fertilidade: melhora a qualidade da ereção peniana e dos espermatozoides, contribuindo para uma gravidez mais tranquila.

O que muitas vezes pode não ser reversível é a quantidade de esteroides e anabolizantes usados por algumas pessoas. “Isso com certeza pode piorar (a qualidade) e muitas vezes de maneira definitiva, fazendo com que o homem não tenha mais a produção de espermatozoides.

Metrópoles

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