Com o avanço da flexibilização do isolamento social no Brasil, desemprego diante da pandemia voltou a crescer na quarta semana de agosto, na comparação com a anterior, atingindo o maior patamar desde maio. É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, entre a terceira e a quarta semana de agosto aumentou em mais de 1 milhão o número de desempregados no país, chegando a cerca de 13,7 milhões o total de trabalhadores em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho.
Com isso, a taxa de desemprego subiu de 13,2% para 14,3%, a maior desde o início do levantamento, em maio deste ano, quando ela era de 10,5%.
A pesquisa mostrou também que:
- Caiu em cerca de 500 mil o número de trabalhadores ocupados
- Aumentou em cerca de 300 mil o número de trabalhadores informais
- O afastamento do local de trabalho devido ao isolamento social se manteve em queda
- Permaneceu estável o número de pessoas em trabalho remoto
No mesmo período, diminuiu em cerca de 500 mil o número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho, o que corresponde a uma queda de aproximadamente 0,7%, o que o IBGE considera como estabilidade.
Segundo o IBGE, o aumento do desemprego pode estar diretamente relacionado com o avanço da flexibilização do isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus. A pesquisa mostrou "o número de pessoas que ficaram rigorosamente isoladas diminuiu pela segunda semana seguida".
“No início de maio, todo o mundo estava afastado, em distanciamento social, e não tinha uma forte procura [por emprego]. O mercado de trabalho estava em ritmo de espera para ver como as coisas iam se desenrolar. As empresas estavam fechadas e não tinha local onde essas pessoas pudessem trabalhar. Então, à medida que o distanciamento social vai sendo afrouxado, elas vão retornando ao mercado de trabalho em busca de atividades”, apontou a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
De acordo com o levantamento, na quarta semana de agosto somavam 38,9 milhões o número de pessoas em isolamento social rígido, o que representa uma queda de 6,5% em relação à semana anterior, quando esse contingente era de 41,6 milhões.
Já a parcela da população que ficou em casa e só saiu por necessidade permaneceu estável. São 88,6 milhões de pessoas nessa situação, representando 41,9% da população do país.
Também houve estabilidade no contingente dos que não estavam em isolamento social, chegando a 5 milhões de pessoas, assim como permaneceu estável o contingente de 77 milhões dos que reduziram o contato, mas que continuaram saindo de casa ou recebendo visitas.
“A gente está vendo uma maior flexibilidade das pessoas, uma maior locomoção em relação ao mercado de trabalho, pressionando o mercado de trabalho, buscando emprego. E esses indicadores ficam refletidos no modo como eles estão se comportando em relação ao distanciamento social”, enfatizou a coordenadora da pesquisa.
Afastamento do trabalho permanece em queda
A pesquisa mostrou, ainda, que reduziu em cerca de 360 mil o número de pessoas que estavam afastadas do local de trabalho devido ao isolamento social. Eram 3,6 milhões de trabalhadores nesta situação na última semana de agosto, o que representava 4,4% do total de pessoas ocupadas no mercado de trabalho. Uma semana antes, essa taxa era de 4,8%.
Na primeira semana de agosto, 19,8% dos trabalhadores ocupados estavam afastados do trabalho em função da pandemia. Esse contingente manteve queda semanalmente.
Já o trabalho remoto, o chamado home office, permaneceu estável em cerca de 8,3 milhões de trabalhadores nesta condição. Esse número chegou a 8,9 milhões na quinta semana de maio.
Informalidade tem leve alta
De acordo com o IBGE, somavam cerca de 27,9 milhões o número de pessoas trabalhando na informalidade na última semana de agosto, aproximadamente 300 mil a mais que na semana anterior.
Com isso, a taxa de informalidade ficou em 34%, acima dos 33,4% registrada na terceira semana de agosto. Apesar da alta, o IBGE considera como estabilidade do indicador. Já na comparação com a primeira semana de maio, quando esse contingente somava cerca de 30 milhões de pessoas, a taxa de informalidade teve queda de 1,7 ponto percentual - era de 35,7% no início do levantamento.
São considerados como trabalhadores informais pelo IBGE aqueles empregados no setor privado sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ, além de pessoas que ajudam parentes.
Segundo o IBGE, a informalidade é a via de mais fácil acesso ao mercado de trabalho e, por isso, sofre oscilações com maior facilidade que a população ocupada ou desempregada.
G1
Postar um comentário