O grupo Magazine Luiza abriu na última semana inscrições para uma seleção de trainees com foco exclusivo na contratação de pessoas negras. É óbvio que a decisão virou polêmica e dominou a internet. De um lado, gente criticando a empresa por fazer a segmentação com base no critério racial acusando-a de "racismo reverso" (isso é tão ridículo que fico com vergonha até de mencionar aqui, mas é preciso). De outro, pessoas criticando quem criticou a empresa e defendendo a iniciativa, classificando-a como uma medida positiva de inclusão e redução de desigualdades. E, para que fique bem claro para você que está lendo, eu tendo a concordar com esses últimos, no que diz respeito às consequências. O Brasil ainda é muito desigual em vários aspectos e muito ainda precisa ser feito para que tenhamos mais isonomia e paridade de oportunidades. Mas, na real, essa é uma discussão à parte que não dá para esgotarmos aqui neste texto sem deixar arestas mal aparadas. Por isso, quero convidá-los a analisar outro aspecto dessa confusão com o Magalu: essa foi uma decisão de negócio, não uma decisão política. E ponto final.

A primeira verdade: o Magalu é uma empresa livre

Desde que com aprovação do seu Conselho de Administração e visando o interesse de seus sócios, respeitando as regras do mercado e as leis do país, a Magazine Luiza pode tomar a decisão que bem entender sobre a forma como conduz suas operações. Concorde você ou não, ela contrata quem quiser.

A segunda verdade: o Magalu não é trouxa

Caso a realização de um programa de trainees exclusivo para pessoas negras fosse ruim para os negócios, tenha certeza de que o Magalu não faria. Você já parou para pensar que talvez a empresa tenha se dado conta de que a maior parte de seu público seja negro e seus executivos sejam majoritariamente brancos? E que isso pode estar fazendo a empresa vender menos? Estou apenas dando um chute, mas é importante que você levante questões como essa, pois são elas que movem decisões de negócios.

A terceira verdade: o Magalu compreende o espírito do tempo

Fui profundo no título, mas é simples: estamos num momento de questionamento das desigualdades, com a questão racial em evidência, empresas, governos, pessoas fazendo sua autocrítica e buscando caminhos para exercer seu papel nesse contexto. Uma empresa que enxerga à frente consegue fazer essa leitura e se antecipar. É claro que existirão críticas e a comunicação do Magalu já entendeu que tentar agradar todo mundo é uma ótima maneira de não agradar ninguém. Ter posição é o que importa. O Magalu tem historicamente grande penetração na classe C, que é majoritariamente negra (cerca de 60%). A empresa fez sua opção e ficou ao lado do seu público. É seu público que paga suas contas.

A quarta verdade: o Magalu é coerente

O grupo Magazine Luiza sempre se posicionou como uma empresa que não quer apenas crescer e gerar valor para os acionistas, mas também contribuir para a sociedade em que está inserida. Aderir à causa da paridade racial não é um tiro fora do alvo. Há muitos anos, por exemplo, a empresa tem programas internos específicos voltados para mulheres e Luiza Trajano defendeu publicamente a ideia de ter cotas por gênero tanto no setor privado quanto público. Fora iniciativas focadas em apoio à educação de crianças, meio ambiente, apoio à pesquisa e várias outras. O Magalu nunca deixou de crescer por causa disso. Pelo contrário, acelerou bastante nos últimos anos.

A quinta verdade: você é o que diz

Para encerrar a lista, queria deixar aqui o lembrete: num mundo cada vez mais conectado, você é o que diz. Ao esbravejar contra uma medida como a do Magazine Luiza, disparar impropérios contra tudo e contra todos, falar todo tipo de besteira sem base, lembre-se de que tudo isso está sendo anotado no seu currículo. Sim, pois seu currículo não é mais aquele papel guardado na gaveta, é sua rede de contatos, é sua presença digital, é a forma como as pessoas que tomam decisões vão perceber e lembrar de você. Lembre-se de que o mundo muda. Se você não muda com ele fica para trás.

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