O Brasil tem o 2º maior número de inscritos como voluntários para participar de estudo de “desafio humano”, que infecta propositalmente voluntários para acelerar os testes de uma vacina contra covid-19. Dos 32.000 voluntários de 140 países, 9.000 são brasileiros, número que só fica atrás dos Estados Unidos, com 15.000.

O dado é da organização norte-americana 1DaySooner e foi divulgado pelo jornal Estado de S. Paulo. A entidade foi criada em abril para apoiar a realização desse tipo de estudo. A controversa ideia de infectar as pessoas tem ganhado força na comunidade científica internacional e, em julho, a 1DaySooner recebeu o apoio de mais 150 cientistas, incluindo 15 ganhadores do Prêmio Nobel.

A implicação ética de expor os voluntários a uma doença sem tratamento comprovado é destaca por especialistas críticos ao estudo. No entanto, os defensores dizem que ele poderia antecipar a descoberta da vacina e salvar milhares de vidas.

No estudo de “desafio humano”, como o teste é conhecido, os voluntários recebem a vacina em teste ou o placebo e, depois, são infectadas com o vírus. A técnica permitiria os cientistas observarem mais rapidamente se o imunizante tem ineficácia.

Nos testes normais, é necessário que o contato com o vírus seja natural, o que necessita de 1 grande número de pessoas e leva mais tempo para chegar aos resultados.

O apoio de acadêmicos à iniciativa foi por meio de carta aberta enviada ao diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos EUA. O documento, elaborado pela 1DaySooner e especialistas, tem a assinatura de Stanley Plotkin, 1 dos maiores estudiosos de vacina do mundo e, Adrian Hill, direto do Instituto Jenner, da Universidade Oxford, responsável pelo desenvolvimento de uma das vacinas mais avançadas contra covid-19.

Em nota enviada ao Estadão, Oxford afirmou que “não está planejado” realizar estudos de desafio humanos no momento. Segundo a Universidade, ela tem “extensos ensaios clínicos internacionais para avaliar a vacina em 1 cenário do mundo real”. Porém, em fala à imprensa internacional, Hill já disse que considera realizar esse tipo de teste ainda em 2020 e conta com o apoio da 1DaySooner.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) também não descartou a realização do estudo e, em junho, concluiu 1 relatório preliminar sobre viabilidade, importância e limitações desse tipo de pesquisa. No documento foram definidas regras para minimizar os riscos, como recrutar voluntários jovens e administra uma quantidade pequena do vírus. Os especialistas responsáveis, porém, ficaram divididos sobre quando poderia ser feitos os testes. Metade defendendo que os testes sejam iniciados imediatamente e, os outros, que apenas quando houver medicamento eficaz.

REGRAS
-Pessoas de 20 aos 29 anos
-Ter boa condição de saúde
-Monitoramento constante
-Isolamento nas instalações das pesquisas
-Assistência médica precoce, nos casos desenvolvessem a doença.

Poder360

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