Diante da insistência do governo federal no tratamento da Covid-19 com a hidroxicloroquina, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) emitiu, nesta quarta-feira, 22, novas orientações sobre o uso do medicamento na Bahia. A informação foi divulgada pelo próprio secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, em vídeo nas redes sociais.
Baseada em notas técnicas doCentro de Operações de Emergência da Saúde (COE), Sesab não recomenda que a cloroquina / hidroxicloroquina seja utilizada para tratamento ou prevenção da Covid-19 em qualquer contexto que não seja de um estudo de ensaio clínico.
Recentemente, o governo Bolsonaro recebeu dos Estados Unidos de cerca de 3 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina. O objetivo do Ministério da Saúde é repassar os medicamentos aos estados. Mas, de acordo com o ministério, o medicamento terá de ser fracionado – e esse custo ficaria com os estados.
A sugestão para os Estados assumirem custos do fracionamento foi feita em reunião na última sexta-feira, 17, pela equipe do ministro interino, Eduardo Pazuello. A ideia desagradou aos secretários estaduais.
Ao se posicionar contra o uso da hidroxicloroquina, a Sesab reforçou ainda que, até o momento, não existem medicamentos aprovados para prevenção ou tratamento ambulatorial da Covid-19 com eficácia cientificamente comprovada.
Essas orientações, diz o texto, se embasam nas manifestações da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, pontua que o Comitê Estadual de Emergência em Saúde Pública recomenda aos gestores públicos que não estabeleçam protocolos com uso dessas medicações e que não gastem recursos públicos com uso dessas drogas que não tem eficácia comprovada.
“Os gestores poderão ser objeto de uma ação de órgão de controle por estarem destinando recursos de outras áreas que poderão fazer falta no combate ao coronavírus”, alerta o Secretário.
A Sesab destaca que o Estado continuará fornecendo tais medicações para os municípios e/ou unidades de Saúde da Bahia, para o uso autorizado e recomendado pelas autoridades sanitárias competentes. Reitera-se que estas são as recomendações informadas por evidências disponíveis até a presente data e estão sujeitas a revisão mediante novas publicações e estudos científicos, durante a vigência da pandemia.
A Tarde
Foto: Leonardo Rattes