O governo federal cortou R$ 83, 9 milhões do orçamento do Bolsa Família e vai usar os recursos para expandir a publicidade institucional. Os recursos serão transferidos para Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom), conforme ato assinado nesta quinta-feira, 04, pelo secretário executivo do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.
O corte atinge o segmento destinado a atender as famílias carentes da região Nordeste, onde a cobertura caiu em relação ao ano passado. O volume de recursos, segundo técnicos do governo ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, seria suficiente para atender cerca de 70 mil famílias no segundo semestre do ano, quando o benefício médio deve voltar a ser de R$ 200.
Alem disso, neste ano, o governo ainda não abriu espaço no Orçamento para a 13ª parcela do programa, promessa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo técnicos do Congresso, como não há recurso extra, apenas realocação dentro do Orçamento, não é preciso de aval dos parlamentares. O valor total destinado ao Bolsa Família no ano inteiro é de R$ 32,5 bilhões.
A cobertura do Bolsa Família nas regiões Norte e Nordeste continua abaixo do registrado em maio de 2019, quando o programa atingiu patamar recorde de famílias atendidas. Nessa mesma comparação, Sul e Sudeste ganharam mais peso.
O Psol apresentou um pedido para que o TCU (Tribunal de Contas da União) investigue a gestão do programa. O partido também irá solicitar que o órgão apure as razões para a redução no orçamento na parcela que atende a famílias carentes no Nordeste.
Com a medida, o governo dá mais poder ao secretário de comunicação do Palácio do Planalto, Fabio Wajngarten, cuja atuação tem sido criticada por suspeita de uso político do cargo. A campanha institucional da Secom é diferente da produzida pelo Ministério da Saúde para fins de utilidade pública, que tem objetivo de passar orientações sobre a doença covid-19 e o novo coronavírus, bem como recomendações de higiene, etiqueta e distanciamento social. O ministério já gastou R$ 61 milhões e deve ampliar a despesa com produção de mais conteúdo.
A Tarde