O comércio internacional não será o mesmo depois desta pandemia, prevê o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, 62. Empresas e países tentarão diversificar suas cadeias de produção, e plataformas digitais sairão fortalecidas.
"Alguns países terão a tentação de buscar a autossuficiência em áreas que eles consideram críticas", diz ele, o que seria um passo atrás. "A autossuficiência, além de inviável na maior parte das vezes, tem um custo altíssimo para a sociedade, sobretudo no médio e longo prazos."
De sua casa em Genebra, onde cumpre quarentena obrigatória, ele coordena estudos para identificar gargalos da pandemia e sugerir soluções. Perguntado sobre como analisa o momento até agora, Azevêdo se limitou a dizer que o momento é "sem precedentes".
Na última semana, a OMC previu que o comércio mundial terá um tombo de entre 13% e 32% neste ano, e Azevêdo considera fundamentais pacotes de estímulo fiscais e monetários para evitar danos maiores. "Veremos mudanças. Vários procurarão diversificar suas cadeias de produção e suprimento. Também veremos um fortalecimento das plataformas digitais e do comércio eletrônico, favorecendo novos tipos de comportamento, como teletrabalho, compras online, cuidados no contato físico entre as pessoas", falou.
No melhor dos cenários, segundo o diretor da OMC, o comércio poderia retornar aos patamares pré-crise em um ou dois anos. Em meios às más notícias, ele diz que as commodities, principal parcela das exportações brasileiras, podem se recuperar mais rapidamente quando a pandemia acabar.
Folhapress