O número de profissionais de saúde infectados com coronavírus segue crescendo na Bahia. De acordo com boletim divulgado nesta quinta-feira (16) pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), até o momento, são 102 casos confirmados de profissionais que trabalham em hospitais públicos e privados no estado. O Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed) reclama da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e pede também o remanejamento dos profissionais de saúde acima de 60 anos e com comorbidades.

No Hospital Santo Antônio, que faz parte das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), 125 funcionários foram testados para Covid-19 e 28 estão infectados: 34 casos foram descartados e 63 estão em investigação.

Assessor corporativo da OSID, Sérgio Lopes explica os procedimentos de segurança adotados pelas unidades de saúde e afirma que o número de casos do Hospital Santo Antônio se justifica também pelo número de testes realizados.

"No que diz respeito a funcionários, nós criamos um atendimento ambulatorial interno para eles, composto pela medicina do trabalho e nossa equipe de otorrinolaringologia. Caso dê positivo, ele vai continuar em quarentena e acompanhar as orientações passadas para procurar a rede hospitalar quando tiver sinal de agravamento. Se ele não estiver com Covid-19 e estiver assintomático, ele retorna ao trabalho”.

"Acredito que os números elevados no Santo Antônio são uma demonstração do quanto nós estamos realizando testes sempre que qualquer um, funcionário ou paciente, demonstre sintomas relacionados à gripe", continua Sérgio Lopes.

Presidente do Sindimed, Ana Luna afirma que representantes dos sindicatos têm realizado visitas a unidades de saúde. Ela também cita outras ações do sindicato, dentre elas a ação civil, que pede o remanejamento de médicos acima de 60 anos com comorbidades

"Solicitamos também, por meio de ofício, tanto para a Sesab quanto para a prefeitura, uma linha direta de comunicação com números atualizados dos profissionais médicos infectados com Covid-19, a fim de que a gente possa mapear melhor e pensar nas políticas em relação a esses profissionais", diz Ana Luna.

“Vale ressaltar que um profissional de saúde, seja ele médico, enfermeiro ou outro profissional, quando é infectado, fica, no mínimo, 15 dias fora do atendimento direto. Outra coisa que gostaria de ressaltar é que tem que existir uma equanimidade entre os servidores públicos acima de 60 anos com comorbidades, que não são da área de saúde, e aqueles que são da área de saúde. Eles também têm direito à vida", continua a presidente do Sindimed.

Já Clarice Saba, diretora do Sindimed, destacou a necessidade de as unidades de saúde da Bahia fornecerem oferecerem aos profissionais todos os equipamentos de proteção necessários.

"Apesar dos gestores, prefeito, governadores, secretários de saúde, dizerem que estão com os EPIs em dia, realmente algumas unidades têm EPI para ofertar, mas nem todas as unidades. A gente continua recebendo queixa dos colegas com essa falta de EPI. Inclusive, ouvi afirmação do nosso secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, que nossos médicos estariam se contaminando por não saber como usar o EPI, o que eu não acredito. E, se for verdade, é por falta de ensinamento, ok? Temos essa preocupação. Passamos por outras unidades, e existe essa preocupação com o número de máscaras cirúrgicas, mas, principalmente, com as N-95. Há de se ter mais máscaras", comenta Clarice.

Em nota, a Secretaria de Saúde da Bahia afirma que é "lamentável que a representante dos médicos da Bahia não reconheça o esforço da autoridade sanitária estadual, o treinamento e distribuição de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde e utilize este momento de pandemia para fazer política sindical". A Sesab acrescenta que o estado adquiriu 32 milhões de luvas, 9 milhões de máscaras, entre outros itens de segurança, que serão suficientes para atender entre quatro e seis meses.

Diretora do Hospital Couto Maia, Ceuci Nunes destaca a importância de promover treinamentos diários entre os profissionais, não só voltados para o uso de Equipamentos de Proteção Individual, mas também a retirada deles.

"A gente vem fazendo esse treinamento há um mês. Nossa equipe está trabalhando em protocolo, em treinamento para paramentação, que é a utilização dos EPIs, e a desparamentação, porque a grande questão é na retirada que dá o maior problema. Todos os dias temos equipes fazendo treinamento para isso. Estamos fazendo treinamento diário com nossa equipe", conclui.

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