Verba de R$ 182,9 milhões foi utilizada em 2019 para pagar despesas como passagens aéreas, divulgação do mandato, aluguel de veículos, consultorias e combustível
Os deputados federais gastaram, no ano passado, mais de meio milhão de reais por dia em cota parlamentar, verba disponibilizada pela Câmara para a manutenção do mandato parlamentar. Ao todo, foram gastos ao menos R$ 182,9 milhões para pagar despesas como passagens aéreas, divulgação do mandato, aluguel de veículos, consultorias e combustível. Esse valor ainda vai aumentar, porque os parlamentares têm até três meses para solicitar reembolso.
O gasto, portanto, foi de R$ 501.300 por dia ou R$ 20.800 por hora. As maiores despesas foram com emissão de bilhete aéreo e fretamento de aeronaves (R$ 45 milhões, o equivalente a 24,64% da cota). Os deputados têm direito a passagens aéreas para voltar a seus estados de origem ou para deslocamentos a trabalho. O uso irregular dos bilhetes aéreos já gerou o escândalo que ficou conhecido como "Farra das passagens", porque parlamentares usaram a cota parlamentar para emitir bilhetes aéreos para familiares e amigos. O valor a que cada gabinete tem direito depende do estado de origem do deputado.
A segunda maior parte da verba (R$ 42,8 milhões ou o equivalente a 23,42%) foi usada para a divulgação da atividade parlamentar. O recurso é usado pelos deputados, por exemplo, para pagar empresas e profissionais para gerirem seus perfis em redes sociais e impressão de folhetos. Em terceiro lugar no pódio dos gastos está a locação ou o fretamento de veículos, num total de R$ 24,3 milhões (13,33% do total da cota).
Os deputados também podem usar a verba indenizatória para bancar seus escritórios em suas bases eleitorais e, para isso, usaram R$ 21,3 milhões (11,65% do total). Nesse valor estão incluídos aluguéis, luz, água, condomínio e outras despesas do funcionamento do espaço utilizado. As consultorias, pesquisas e os trabalhos técnicos foram responsáveis pelos gastos de R$ 18,5 milhões (10,12%), e combustíveis por R$ 15,2 milhões (8,32%). No caso dessa última despesa, cada gabinete pode gastar, no máximo, R$ 6 mil por mês. Outros gastos somam R$ 15,5 milhões.
Fora a cota parlamentar, os deputados têm direito a outras benesses. A Câmara desembolsou, por exemplo, R$ 7 milhões em auxílio-moradia, pagos aos que não vivem em imóveis funcionais. Além disso, os parlamentares recebem diárias para bancar as despesas em viagens oficiais e, para isso, a Casa gastou R$ 6,2 milhões.
Além da cota parlamentar, os deputados têm direito a uma verba de gabinete no valor de R$ 111.600 por mês para pagar salários de até 25 secretários parlamentares, que trabalham para o mandato em Brasília ou nos estados. Em 2019, os deputados gastaram R$ 584 milhões com os funcionários que eles próprios contratam.
Revista Época