Um homem batalhador, que já havia passado por grandes dificuldades na vida, cego de um olho e com uma perna amputada após um acidente de trânsito. Aposentado, ele também tinha deficiência em uma das mãos, por conta de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que sofreu. Esse era o senhor Vado Teixeira dos Santos (à direita), de 65 anos, que foi brutalmente espancado até a morte na madrugada de quinta-feira (13), na Rua do Cemitério, no distrito de Porto Feliz, município de Piritiba - distante cerca de 90 quilômetros de Jacobina. (relembre aqui)
O idoso foi encontrado morto na frente de uma construção de sua propriedade, onde ele trabalhava muito para concluir. Segundo a filha da vítima, Edicleia, vizinhos ainda ouviram os gritos de Seu Vado, mas logo eles foram silenciados para sempre pelas mãos do seu algoz, identificado como Caíque Mendes Dias (à esquerda), de 24 anos.
Ficha criminal extensa
Conforme apurou o Jacobina Notícias, além de ser apontado como o assassino do senhor Vado, Caíque é acusado de participar diretamente da morte do próprio irmão dele, conhecido como 'Cara de Urso', e de tentar matar um aposentado na cidade de Mundo Novo. Por conta desse último crime, Caíque teria fugido e se refugiado em Porto Feliz, onde viria a assassinar brutalmente o senhor Vado. Caíque foi preso pouco depois do crime, escondido em uma casa no mesmo distrito.
Caíque teria recebido ajuda de uma mulher de nome Helena e do filho dela, conhecido como Cachaça. Os dois, mãe e filho, teriam sido as pessoas que mostraram o idoso ao acusado, apontando-o como alguém que teria dinheiro em mãos e fácil de ser roubado. Eles teriam dado cobertura a Caíque após a ação. Entretanto, apesar dos relatos de moradores e familiares, a participação dos dois ainda deve ser apurada pela Polícia Civil.
Revolta e desrespeito
A filha do idoso está inconformada pelo fato de um criminoso com um histórico tão violento quanto o de Caíque ainda estar em liberdade, sendo preso apenas depois de assassinar o pai dela. Edicleia pede justiça e diz que seu pai "não merecia ter morrido desse forma", com tamanha crueldade.
Além de toda a dor pela perda do pai, a filha ainda passou muitos transtornos e longa espera pela liberação do corpo do senhor Vado no IML de Jacobina. Ela acusa um médico legista do Departamento de Polícia Técnica (DPT), em Jacobina, de tratá-la com desrespeito e morosidade. O legista, que ela não soube dizer o nome, teria saído às 12h para almoçar e só retornou às 16h, para fazer a liberação do corpo do pai dela. Edicleia conta que chegou em Jacobina às 10h e teve que esperar até o final da tarde para seguir com o corpo do pai para o velório e sepultamento. (relembre aqui)
Relato do crime
"Sou filha do senhor que foi covardemente morto. Meu pai, ele convivia comigo. Ele tava fazendo uma construção lá em Porto Feliz, na Rua do Cemitério, aonde estava há praticamente treze dias e aconteceu esse fato com ele. Viram meu pai construindo, acho que pensou que meu pai tava com dinheiro, mas meu pai estava com 80 reais. Esse valor sumiu. Um vizinho do lado ouviu meu pai gritando, e, quando chegou lá, meu pai já tava sem vida e o rapaz [Caíque] em pé na porta. Ele [vizinho] falou assim: 'você bateu no senhor?', e ele [Caíque] disse que não tinha batido. Aí, ele [Caíque] foi dormir quase em frente a casa onde ele matou meu pai. Estava dormindo, aí a população cercou ele até a polícia chegar no local (sic.)", detalhou Edicleia em entrevista ao Jacobina Notícias.
"Eu quero justiça!"
"Um cara desse aí, ele estupra, ele mata, ele rouba, ele faz tudo. E umas pessoas ainda apoia um elemento desse dentro de casa. Eu quero justiça! Meu pai tava cego, meu pai tinha 65 anos. Meu pai era deficiente da mão, porque ele teve um AVC. Meu pai só tinha uma perna, que foi de um acidente de carro. Meu pai era uma pessoa boa, ele ajudava o povo. Meu pai, ele não merecia uma morte dessa. Quero que a justiça seja feita. Isso é uma covardia, fazer isso com uma pessoa de 65 anos, indefesa, pra roubar 80 reais. Gente, o que é 80 reais? Se fosse 80 mil, ainda não pagava uma vida, quanto mais 80 reais. Eu quero justiça, que a justiça seja feita (sic.)", desabafou a filha.
Por Robson Guedes / Jacobina Notícias